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Inteligência artificial na SOS Voz Amiga para atender em 21 línguas

A linha de prevenção de suicídio SOS Voz Amiga vai ter, a partir desta quinta-feira, apoio em 21 línguas, usando a inteligência artificial. A informação é hoje confirmada à Lusa, pelo presidente da instituição de solidariedade social, Francisco Paulino.

«O apoio vai ser precisamente o mesmo, porque o sofrimento não tem fronteiras, a solidão aqui ou no Canadá ou na Austrália, é a mesma. O que isto nos vai permitir agora é darmos uma resposta mais inclusiva», avança a fonte.
Este novo serviço parte de uma observação por parte dos voluntários. Os emigrantes portugueses. «Ligam muitas vezes, normalmente a solidão é o que acontece com mais frequência, quando estamos num país que não é o nosso, não conhecemos a cultura, não nos sabemos movimentar», explica.

No entanto, também começam a ser frequentes as chamadas estrangeiras, causando dificuldade, já que nem todos os colaboradores têm formação para responder noutras línguas.

Agora, o atendimentos nos telemóveis vai permitir uma tecnologia que terá um serviço de interpretação em tempo real.

«Isto realmente é uma ferramenta que nos vai permitir atender toda e qualquer pessoa», diz o responsável.
Um fabricante de equipamentos com esta tecnologia doou 62 telemóveis à Linha, tornando este novo formato possível.

«Todos sabemos que o número de imigrantes que temos agora em Portugal já é um bom milhão. Claro que estão incluídos os brasileiros e dos PALOP [países de expressão portuguesa], mas ainda sobram muitos outros e assim vão ter oportunidade, quando necessitarem de nos contactar», afirma.

Também recebem, muitas vezes, tanto por chamada como e-mail, contactos por parte de pais de estudantes estrangeiros em Portugal.

«Perguntam-nos se atendemos em inglês. Pontualmente, sim. Mas como os turnos são aleatórios não podemos garantir que em qualquer momento está alguém que possa responder em inglês. Com esta nova possibilidade isso é ultrapassado», assegura Francisco Paulino.

A SOS Voz Amiga apoia, já, portugueses que estão presos no estrangeiro. Agora, poderá fazer o mesmo com presos estrangeiros em Portugal. A Linha foi criada em 1978 e, sempre que há alguma situação de crise, a procura aumenta.
«Estávamos a atender 600 chamadas por mês, em 2019», recorda a direção, referindo-se ao período de pandemia.

«Passámos a ter 1.000 a 1.100 e não atendemos mais porque na altura tínhamos ainda menos voluntários», afirma.
«A pandemia aumentou de uma forma extraordinária tudo o que está relacionado com ansiedade, depressão e outros transtornos emocionais e tem-se mantido», vinca. A média de chamadas por ano aumentou de 6.000 para 10.000.

«Uma outra alteração que estamos a notar e também foi depois da pandemia é que cada vez temos mais jovens pré-adolescentes a ligar. Isso não acontecia há cinco ou seis anos. Essa é uma das alterações que temos verificado nos últimos anos», acrescenta.

«Temos chamadas de garotos com 12 e 13 anos, com ideias muito preocupantes. A queixarem-se de que a vida é uma tristeza e que não andam cá a fazer nada», ilustra.

O novo apoio em 21 línguas pretende melhorar o serviço.

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