O Bloco de Esquerda (BE) de Viana do Castelo defendeu este terça-feira uma “contundente oposição” à instalação de um parque eólico numa zona que abrange parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), pelos “impactos que terá nos ecossistemas da região”.
Em causa está a intenção da empresa Madoqua IPP, com sede nos Países Baixos, de instalar um parque eólico em Sistelo, Arcos de Valdevez, com ligação a outro em Merufe, Monção, que está em consulta pública até ao dia 16.
A Proposta de Definição de Âmbito (PDA) do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentada à Autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental, em consulta pública até dia 16, prevê “a instalação de 32 aerogeradores com torres de 112 metros de altura e rotor com 175 metros de diâmetro (…) e respetiva linha elétrica de muito alta tensão (LMAT) que permitirá ligar o parque eólico à Subestação de Ligação à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP)”.
Para o BE, além de abranger parte do PNPG, o projeto sobrepõe-se “às zonas da Rede Natura 2000 e da Reserva da Bioesfera Gerês e Habitats Naturais, passando ainda pela Zona Especial de Conservação do Rio Lima”.
Segundo o partido, “este projeto irá ter um maior impacto nas freguesias de Sistelo [classificada em 2017 como Monumento Nacional Paisagem Cultural de Sistelo], Cabreiro e Gavieira, no concelho de Arcos de Valdevez, bem como Merufe, Tangil, Riba de Mouro e a União de Freguesias de Anhões e Luzio, no concelho de Monção”.
“Estas localidades situam-se em áreas montanhosas de elevado valor ecológico, abrangendo baldios comunitários geridos pelas populações locais, que desempenham um papel fundamental na economia local, sobretudo na prática do pastoreio extensivo”, sustenta o partido.
Para o Bloco, este projeto “não deve, de todo, ser viabilizado por todos os impactos que terá nos ecossistemas da região, principalmente no do PNPG e na Zona Especial de Conservação da Peneda-Gerês”.
“As diversas e constantes tentativas de utilização dos recursos do PNPG e sua consequente destruição em nome de interesses económicos em nada beneficiam a transição energética e colocam em causa não só os ecossistemas, mas também as populações residentes, merecem a mais contundente oposição”, argumenta o BE.
Na semana passada, um grupo de cidadãos de Arcos de Valdevez lançou uma petição ‘online’ contra o projeto do PDA do parque eólico previsto para Sistelo.
Os 2335 signatários, até às 12h30 desta terça-feira, pedem o indeferimento do EIA. O documento será enviado à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), à Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), às câmaras e às assembleias municipais de Arcos de Valdevez e de Monção, à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e Comissão Nacional da UNESCO.