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JUSTIÇA -

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Homem que asfixiou mulher em Vieira do Minho acusado de homicídio qualificado

O Ministério Público (MP) de Guimarães acaba de acusar o motorista de autocarros Manuel António Monferreiro Fidalgo, de 45 anos, do crime de homicídio qualificado por ter asfixiado mortalmente, a 6 de março deste ano, a mulher, Ana Paula de Jesus Fernandes Fidalgo, na residência do casal, um restaurante/residencial em Salamonde, Vieira do Minho.

A acusação  concluiu que, pelas 20h00, numa discussão, tida na lavandaria, sobre as desavenças que o casal mantinha por causa de outro homem, o arguido, desagradado, e supostamente com ciúmes, “colocou-lhe as mãos no pescoço, e apertou-o com força, impedindo-a de respirar. Até lhe tirar a vida”.

O MP diz que, “após o crime, abandonou o local de carro sem dar conhecimento a ninguém do que sucedera”.

Minutos depois, – prossegue o MP – “a mãe da vítima pediu a um homem de nome Jorge – de quem o arguido suspeitava ser amante da mulher – para ir à lavandaria chamar o casal para jantar, tendo este encontrado a mulher inanimada, com hemorragias nas regiões orbitárias e no pescoço, e com marcas de compressão, ou seja, de aperto na garganta”. Morreu – diz o magistrado – “por asfixia mecânica”.

O alegado homicida, que se encontra em prisão preventiva, casou com a vítima em Agosto de 1998, e dela teve dois filhos. Entregou-se pelas 22h00 na GNR de Braga, onde disse que não estava certo de a ter morto.

O MP pede a “indignidade sucessória” do arguido, e requereu o arbitramento de uma quantia a título de reparação pelos prejuízos sofridos pelos familiares.

“ACUSAÇÃO NULA”

Ao Vilaverdense/PressMinho, o seu defensor, o advogado João Magalhães disse que a acusação “é vaga e insuficiente, devendo ser declarada nula, por violação do Código de Processo Penal, até porque, expressamente, diz que não tem o relatório da autópsia, ou seja, não contém todos os elementos necessários ao exercício da defesa por parte do Arguido”.

Recorde-se que o casal esteve emigrado vários anos em Inglaterra, tendo regressado definitivamente a território nacional em Agosto de 2017, e comprado o restaurante, denominando-o como “Refúgio do Gerês”, tendo residência no mesmo edifício.

A vítima Ana Paula “explorava o referido estabelecimento a tempo inteiro, inicialmente com a ajuda do arguido, mas desde Fevereiro de 2019, o arguido passou a exercer a atividade profissional de motorista, auxiliando a sua esposa nos tempos livres”.

A acusação adianta que, “em data não concretamente apurada, mas seguramente em 2018, um amigo de escola da vítima e cliente habitual do estabelecimento, Jorge Manuel Miranda Ferreira, passou também a ajudar no referido restaurante em tarefas indiferenciadas”.

E acrescenta: “dada a proximidade e forma como se relacionavam, o arguido começou a suspeitar que entre a sua esposa e o referido Jorge Ferreira – que era divorciado – houvesse um relacionamento amoroso, rumor esse que se espalhou pela localidade”.

DISCUSSÕES

Por essa razão, “e também porque a situação económica do casal se agudizou, começaram a surgir discussões entre o casal, ao ponto de, no Verão de 2018, numa dessas discussões o arguido ter pegado numa faca com vista a intimidar a sua esposa, sendo acalmado pelo filho Hugo que também se encontrava presente”.

Na sequência destes episódios, – continua o MP – a relação entre o casal deteriorou-se ao ponto de deixarem de dormir juntos e manterem relações sexuais.  No início do ano de 2019, o filho do casal Hugo viu que a sua mãe tinha uma equimose na zona do pescoço, apesar de andar tapada nessa zona com um cachecol, e quando a questionou sobre essa realidade ela disse-lhe que fora o arguido”.

Na noite do crime, entre as 20h00m e as 21h00m, o arguido chegou ao estabelecimento de restauração vindo do trabalho, altura em que se deparou-com a presença, entre outros, do mencionado Jorge Manuel Ferreira, o que mais uma vez o desagradou.

“Depois de saber que a sua esposa estava na zona da lavandaria, que fica no andar inferior e no extremo oposto do edifício tendo por referência a cozinha, o arguido decidiu dirigir-se até aquela zona, tendo acedido à garagem pelo parque exterior.”, diz a acusação.

Ali chegado, o arguido permaneceu 30 a 40 minutos a conversar com a esposa e, nesse intervalo de tempo, apenas a mãe da vítima Ana Paula ali se deslocou.  Foi então, que a matou. Entretanto, o arguido ligou para o seu familiar Jorge Sousa Antunes, Sargento da GNR, a quem deu conta do sucedido.

ENTREGOU-SE

Este Jorge Antunes – continua o magistrado judicial – “ligou com o comandante do Posto da Guarda Nacional Republicana de Sameiro, a quem perguntou se sabia quem era o comandante do posto de Vieira do Minho pois tinha recebido um telefonema de um primo, o qual disse ter tido uma discussão com a mulher, que lhe tinha apertado o pescoço e que possivelmente ela estaria morta, porque ele estava a ver as imagens de videovigilância com os bombeiros à volta do corpo”.

O arguido acabou por comparecer sozinho na GNR de Braga, pelas 22h00m, com o bolso da camisa rasgado e pequenos ferimentos na face, mãos e canelas (como se tivesse sido arranhado e pontapeado), anunciando, ao agente que aí se encontrava, ter tido uma discussão com a mulher em Salamonde, que lhe deitou as mãos ao pescoço e que desconhecia como teria ficado”. A GNR levou, depois, para a PJ/Braga

Cerca das 02h35m do dia seguinte (dia 7), através do perfil de facebook “Ana Paula António Fidalgo”, o arguido postou um comentário na notícia com o título “Mulher assassinada pelo marido em Vieira do Minho”, publicada online pelo jornal “O Minho”, com os seguintes dizeres “Um casamento a três não funciona foi feito um pedido para além se afastar, não o fez, dei nisto”.

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