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OPINIÃO

OPINIÃO -
O trabalho por turnos é um modo de vida para muitas pessoas

A partir da década de 60, o trabalho por turnos surgiu como um dos métodos de organização do tempo de trabalho mais presente e influência tem na vida de muitos colaboradores. Inicialmente focado em oito horas de trabalho diárias durante os dias de semana, tendo os dias de fim-de-semana como descanso.

Ao longo das últimas décadas, na grande maioria dos países europeus, o número total de horas de trabalho por semana tem vindo a sofrer uma redução gradual, consequência de influências da globalização do mercado, do avanço tecnológico, de questões económicas e sociais e as necessidades industriais, têm sido cada vez mais adaptados a horários e ritmos de trabalho diferentes do horário normal de trabalho.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística mostram que em 2019, 835 mil profissionais (16,8% da população empregada) trabalhavam num regime de horários rotativos, número que tem vindo a aumentar consecutivamente.

Trabalhar por turnos significa que, para exercer determinada função, a pessoa não trabalha sempre no mesmo horário, sendo que pode integrar horários rotativos, executando as mesmas funções em períodos temporais que podem variar semanal ou mensalmente. Há vários hábitos que se alteram quando tem de cumprir um regime laboral por turnos, para conseguir habituar-se facilmente sem que o seu organismo sofra consequências.

Os hospitais fazem parte de uma indústria complexa que neste momento enfrenta uma grande pressão entre os colaboradores e uma crise epidemiológica do Covid-19 e, são um forte exemplo do regime do horário por turnos, de forma a assegurar a prestação de cuidados com qualidade ao longo de 24 horas, todos os dias da semana. Para isso, necessitam de uma grande quantidade de colaboradores a trabalhar segundo esta modalidade horária.

Esta tem vindo a ser associada a diversos efeitos indesejáveis tanto para os trabalhadores (fisiológico, psicológico e social) como também para as instituições. Esta forma de trabalho obriga os colaboradores a encarar dificuldades no relacionamento com família e restante sociedade, tendo potenciais constrangimentos nas relações matrimoniais, no cuidado dos filhos e nos contactos sociais

O conflito entre os colaboradores nas instituições é uma realidade inevitável. O conflito tem causado consequências positivas ou negativas entre os colaboradores e entidades.  Na maioria dos casos, no trabalho por turnos o corpo humano está continuamente exposto ao stress, devido às tentativas de ajuste rápido aos diferentes horários de trabalho, o que provoca muitas vezes frustração pelas consecutivas mudanças de turno.

Todas estas consequências apresentadas não ocorrem, porém, de igual modo em todos os colaboradores, existem determinados fatores ligados aos mesmos (idade, personalidade, classe académica, classe social, etc.) que contribui para que não sintam a mesma intensidade os efeitos causados pelo trabalho por turnos.

Ao longo do tempo têm vindo a ser efetuados diversos estudos cujos objetivos apontam para o conhecimento das consequências do trabalho por turnos nos trabalhadores e às entidades, mas tem vindo a ser consecutivamente desprezado, as soluções viáveis para atenuar estas consequências.

É imprescindível que os governos e entidades entendam que, aproximadamente 20% da população ativa coloca o país em funcionamento durante 24 horas diárias, nos principais setores de atividade contribuindo para o aumento da atividade económica.

A dignidade humana é uma obrigação!

“Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele.”

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