Marisa Matias pediu esta quarta-feira, em Braga, um voto pela “tolerância zero à promiscuidade e à desigualdade” e intransigente “contra a fraude e a corrupção”. A candidata às Presidenciais diz compreender “bem as pessoas desiludidas com a política em Portugal” num comício virtual que contou com Adolfo Macedo, vocalista da banda bracarense Mão Morta.
No Theatro Circo, com a plateia totalmente despida de pessoas e onde o vermelho das cadeiras sobressaía, o comício virtual da recandidata a Belém apoiada pelo Bloco de Esquerda (BE) contou com a presença – mas sem discursar – da coordenadora bloquista, Catarina Martins, e a intervenção da deputada Mariana Mortágua e do coordenador do grupo de trabalho para o plano de vacinação contra a covid-19 e antigo secretário de estado em cinco governos do PS, Francisco Ramos, apoiante da candidatura.
A também eurodeputada criticou o regime existente em Portugal que está sempre a “produzir desigualdades” e até citou o antigo primeiro-ministro do PSD Pedro Passos Coelho quando este disse, no tempo da antiga crise, que Portugal só sairia da situação em que estava empobrecendo.
“O privilégio é desigualdade, é promiscuidade e é um sistema que inclui a fraude e a corrupção. O privilégio é um regime e é a regra e não a excepção. Este é um problema da qualidade da nossa democracia. Não é apenas porque há algumas maças podres na sesta, é mesmo um problema da cesta”, lamentou Marisa Matias, citada pela Lusa.
Na perspectiva de Marisa Matias, “no regime do privilégio, os recursos e os meios que deviam alimentar e sustentar as políticas públicas esvaem-se e acumulam-se em fortunas que a imaginação não alcança”.
“No domingo nós votamos também pela tolerância zero à promiscuidade, à desigualdade, pela intransigência contra a fraude e a corrupção. no domingo votamos por justiça, nada mais, nada menos”, apelou.
Explicando que “a fraude e a corrupção roubam ao investimento público, à saúde, à educação e ao emprego”, a dirigente e eurodeputada bloquista disse compreender “bem as pessoas desiludidas com a política em Portugal”.
“Eu compreendo bem as dificuldades comuns a tanta gente, de não saber se tem dinheiro para chegar ao fim do mês, para pôr comida na mesa, para aquecer a casa, para poder garantir que os filhos têm uma educação decente”, afirmou.
“PORTAS GIRATÓRIAS”
Marisa Matias garantiu que “compreendo bem as dificuldades que são olhar para uma situação de crise e perceber que o futuro é tão difícil porque tudo parece continuar na mesma”.
“Tenho falado do futuro, achei hoje importante lembrar-nos o que foi o nosso passado, do regime político que permitiu que chegássemos aqui”, justificou.
Para a candidata do BE, “os nomes contam porque as opções contam”, tendo feito questão de elencar um conjunto de nomes que acusa de circular “entre as portas giratórias” entre política e empresas ou banca, como Ferreira do Amaral, Paulo Portas, Durão Barroso, Maria de Luís Albuquerque ou Luís Amado.
Legenda: Marisa Matias no Theatro Circo, em Braga/Facebook Marisa Matias