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“Grande maioria” dos quiosques de Braga adere ao boicote de dois dias à venda de jornais contra taxa extra de comercialização

A “grande maioria” pontos de venda de jornais de Braga aderiram ao boicote de dois dias à venda dos periódicos iniciado esta sexta-feira, em protesto contra uma taxa extra aplicada pela distribuidora Vasp.

Segundo fonte da Associação Nacional de Vendedores de Imprensa (ANVI) contactada pelo PressMinho, a “grande maioria” dos quiosques e papelarias que vendem publicações da cidade de Braga aderiram ao boicote contra uma taxa diária de entrega a partir de 4 de Julho, no valor de 1,50 euros de segunda a sábado e de um euro aos domingos, a que acresce o IVA, como forma de comparticipação dos custos de transporte, entrega e recolha das publicações.

 “A grande maioria está a fazer ‘greve’ à venda de jornais. De fora estão só os pontos de venda das grandes superfícies e de abastecimento de combustíveis”, assegura, sem, no entanto, avançar com números.

A mesma fonte alerta para que o boicote pode não terminar já no próximo domingo, já que o apelo lançado pela recém-criada ANVI refere que a distribuição de jornais e revista “será incerta nos próximos tempos”.

O PressMinho sabe que primeira ronda de negociações com a Vasp, líder do mercado nacional de distribuição de publicações, fracassou.

“A Vasp alega que a culpa é do Governo que não está a compensar o aumento das despesas da distribuidora”, explica a mesma fonte, acrescentando que “não cabe aos vendedores de jornais pagar a crise, seja a culpa de quem for. Nossa, que somos pequenos comerciantes, é que não é. Por isso, não há entendimento”.

É a própria Vasp a fazer as contas sobre o impacto da taxa na venda: os cerca de 6.000 pontos que controla vão ser obrigados a pagar 49,32 euros por mês, 591,84 anuais. Já a ANVI fala em 7.000 pontos de venda.

Para a ANVI, criada no passado dia 11 (é desconhecido o número de pontos de venda que representa) nesta fase de pandemia da covid-19 todos os vendedores atravessam muitas dificuldades. Contudo, “têm resistido no último ano e os quais se veem agora ser confrontados com alteração de contratos de forma unilateral e com valores – para muitos – bastante superiores ao da sua facturação”.

A associação não dúvida que muitos quiosques e papelarias vão fechar, ficando comprometidos “todos os empregos associados ao sector e o acesso à informação ao cidadão”.

ALVO ERRADO

Dizendo-se solidário com os pontos de venda “no sentido que entendemos que a questão da taxa é uma situação que vem penalizar o sector, que tem sofrido, tal como a Vasp”, o presidente da distribuidora, Paulo Proença, defende que o boicote “não é a melhor forma de expressarem esse desagrado” porque “vai ainda penalizar mais não só a distribuidora como os editores, as gráficas, toda a cadeia de valor”.

“Os protestos estão a ser dirigidos contra a entidade errada. Consideramos que há muita falta de informação sobre a real situação que a distribuição e todo o sector atravessam. Acho que teria sido mais produtivo a associação ter tentado juntamente com a Vasp junto do Governo tentar obter apoios”, sustenta, citado pela Lusa.

Entretanto, foi confirmada para o próximo dia 28 uma reunião entre a Vasp e os dos secretários de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, e da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, para encontrar uma solução, na sequência da taxa extra anunciada pela distribuidora de jornais e revistas.

 

Legenda: Quiosques obrigados a pagar quase 50 euros/mês à Vasp/Foto PressMinho

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