Opinião de Manuel Sousa Pereira
Estamos, mais do que nunca, com muita vontade de virar a página, de voltar ao normal, sem máscaras, sem limitações, sem distanciamento, sem restrições no local de trabalho, nas ruas, nos espaços públicos e privados, voltando a uma nova “vida normal” dos abraços, dos afetos, da proximidade e da humanização, no relacionamento “natural” entre as pessoas.
Esta pandemia trouxe-nos novos desafios, ao nível da transição digital, ao nível pessoal, familiar e organizacional, ao nível do trabalho remoto, provocando uma necessidade de adaptação rápida e em tempo real a uma nova realidade. Neste sentido, esta nova realidade tem contribuído para uma necessidade constante de imaginar, experimentar, testar e aplicar novas experiências e métodos que acrescentam valor às atividades do nosso quotidiano.
Todavia, esta pandemia trouxe alguns aspetos que também podem ser positivos, como por exemplo, o teletrabalho, segundo a Remote Portugal 85% num estudo efetuado, as pessoas responderam que se encontravam satisfeitos e muito satisfeitos com este modelo de trabalho, mesmo quando 44% das pessoas nunca tinha experienciado o trabalho à distância. Outro aspeto verificado foi o facto de 52% dos inquiridos sentiram que a sua saúde mental e bem-estar melhoraram trabalhando à distância.
Todavia, precisamos de repensar e transformar o futuro, com criatividade e engenho, com estratégia, com emoção, ao nível das relações humanas, pois precisamos de conexão, de “gestão emocional”, de socializar, de voltar a estar juntos, de comemorar, de conviver, de promover empatia, de voltar a estar presente na vida de todos nós.
Nas organizações, os consumidores são cada vez mais o centro de todas as decisões, procurando conquistar a sua atenção e o seu interesse, através da conexão, da interação, utilizando simultaneamente, os meios digitais e a presença física como fatores de diferenciação e valor acrescentado. Algumas das tendências, ferramentas e técnicas digitais utilizadas cada vez mais são: mobile marketing, conteúdo áudio visual, big data, automação, relacionamento via bots, entre outros.
Assistimos também a verdadeiras mudanças ao nível da cultura do consumo, que tendencialmente, deverá assumir um papel cada vez mais relevante, quer em termos ambientais e ecológicos, com uma nova perspetiva face à utilização de matérias biodegradáveis e amigas do ambiente, ao consumo de produtos biológicos, ecológicos, à produção e venda de produtos autóctones, com relevantes benefícios para a sociedade, como por exemplo, a promoção da economia local, diminuição da poluição, preservação e dinamização das áreas rurais, promoção das relações de confiança entre produtores e consumidores, bem como, da criação de condições para o estabelecimento do comercio justo e sustentável.
Vivendo tempos difíceis, momentos de reflexão, de reformulação, criatividade, de inovação, na procura constante da resolução de grandes e complexos problemas, procurando responder a um mundo em mudança e que no meio da adversidade, queremos encontrar um novo querer e construir desta forma, um novo futuro.