A ideia foi lançada pelo presidente da Junta, acentuada pela directora clinica e partilhada pela vereadora que tutela a área da Saúde: e se a Câmara de Amares assumisse, ela própria, a exploração das Termas de Caldelas, tal como vai fazer este ano, sem concessionar a um privado?
Na conferência de imprensa de anúncio da abertura da nova época termal, que arranca na quarta-feira, o presidente da Junta da União de Freguesias de Caldelas, Sequeiros e Paranhos, José Almeida, mostrou-se satisfeito por ver as termas regressar à égide da Câmara Municipal de Amares, «de onde nunca deveriam ter saído».
«Chamarei a este o ano zero, até porque não perco a esperança que a Câmara de Amares fique satisfeita com a experiência deste ano, mude de ideias em relação à concessão e possa manter esta responsabilidade no futuro, embora saiba que não tem propriamente o pelouro da exploração termal», referiu.
O mote seria depois aproveitado pela directora clínica, Idalina Russell, para quem foi «muito importante» a acção da Câmara de adquirir o complexo termal de Caldelas, lembrando a existência de termas no país que são geridas por municípios e configuram «casos de sucesso».
«Temos São Pedro do Sul, São Jorge, São Vicente ou Chaves. Todas estas termas são propriedade das Câmaras e nunca deixaram de o ser nem de dar lucro. Esperamos todos que a Câmara tome de facto este ano como um ano zero», sublinhou.
Alinhando pela mesma ideia, a vereadora Cidália Abreu, que tem o pelouro da Saúde, disse «partilhar a ideia» do presidente da Junta, assegurando que as Termas de Caldelas são «uma pérola» que importa preservar.
«Se a concessão for um bom negócio, um negócio benéfico para todos, que venha a concessão, mas se não acontecer acredito que estamos em condições de agarrar isto como nosso, como parte da nossa identidade e património de Amares. Vamos ver o que o futuro nos reserva», afirmou.
CONCESSÃO APROVADA
O “desafio” lançado fez Manuel Moreira lembrar que está em marcha o processo de concurso para um nova concessão, que implica um «investimento muito grande» na recuperação de todos os edifícios, algo que a autarquia «não tem capacidade para fazer».
«Só para permitir a reabertura das termas este ano a Câmara já investiu quase meio milhão de euros, o que é muito dinheiro», assinalou, reiterando que o Município «não tem vocação para gerir directamente as termas».
«Para isso teríamos de criar uma empresa municipal, mas o Tribunal de Contas não autorizou, o que nos levou a optar pela nova concessão. É um processo que está a decorrer», sintetizou.
CONCURSO EM MÁ ALTURA
Manuel Moreira admitiu, no entanto, que a concessão «surgiu numa altura muito complicada», devido à crise que está a afectar as empresas, o que pode dificultar a apresentação de propostas que cumpram o caderno de encargos.
«Temo que o concurso possa ficar deserto. Vamos esperar para ver o que vai acontecer», afirmou.
Tal como “O Amarense” tem noticiado, a concessão, que já foi aprovada pelo executivo camarário e pela Assembleia Municipal, prevê a requalificação de todos os edifícios que compõem o complexo termal.
A autarquia estima um investimento inicial de cerca de quatro milhões de euros. A concessão tem um prazo de 30 anos e mais 20 de opção.