OPINIÃO

OPINIÃO -
A autoestima

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  • Por Hélder Araújo Neto
    Psicólogo Clínico

Em tempos tive uma namorada que me dizia: “tens tanta sorte em ter-me”. Essa namorada desenvolveu uma autoestima elevada, demonstrando saúde física e psicológica. Como só aceitamos o amor que achamos que merecemos, ela não aceitava menos do que muito amor. Diz-se que a autoestima é o sistema imunológico do cérebro e concordo absolutamente com esta frase. Um baixo nível de autoestima pode conduzir a uma série de problemas relacionados com ansiedade, depressão e dificuldade em estabelecer relacionamentos saudáveis.

A autoestima pode ser definida como a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma, em diferentes áreas da vida. A autoestima é influenciada por uma variedade de fatores, incluindo experiências passadas, interações sociais e padrões culturais. A construção da autoestima inicia-se na terceira infância (entre os sete e os onze anos), dando início à formação do “self”, que irá orientar os pensamentos e os comportamentos, durante toda a vida. Nesta fase do desenvolvimento emocional, a criança começa a entender melhor as suas emoções, tal como a expressar-se. Neste período, existe uma forte influência no relacionamento com os pais.

Assim, quando ambos são calorosos e afetuosos, passam mais tempo com os seus filhos, mostrando interesse pelas suas atividades. As crianças, pelo seu turno, interiorizam a crença de que são indivíduos meritórios, sendo, esta, a base de uma boa autoestima. Mas, se os pais, pelo contrário, são frios e distantes, produzindo comparações ou comentário negativos (és gorda, és preguiçosa), as crianças desenvolvem uma baixa autoestima. Resumindo, quando os pais não tratam bem os filhos, os filhos não deixam de os amar; deixam de se amar a si próprios.

Ora, desenvolver e manter uma autoestima saudável não é uma tarefa simples. Requer autoconhecimento, autocompaixão, práticas consistentes de autocuidado, de gratidão, o estabelecimento de metas alcançáveis. É, também, importante reconhecer e desafiar pensamentos negativos sobre si, substituindo-os por afirmações positivas e realistas.

Há um apólogo indiano que conta assim:

Durante 2 anos, diariamente, o Sr. Raj levava um pote e meio de água da fonte para a casa do Marajá. O pote perfeito estava orgulhoso do trabalho que fazia. No entanto, o pote rachado estava envergonhado da imperfeição e sentia-se mal por apenas ser capaz de executar metade do que era suposto. Passado algum tempo, o pote rachado disse ao Sr. Raj:

«Estou envergonhado, quero pedir desculpas», disse ele.

«Porquê?, perguntou o Sr. Raj. «O que te deixa envergonhado?»

«Durante dois anos apenas, levei metade da carga porque esta fenda faz com que boa parte da água se vá perdendo pelo caminho», disse ele. «Por causa do meu defeito, mesmo com tanto trabalho, não ganhas o salário completo pelos teus esforços.»

O Sr. Raj apenas acenou com a cabeça. No entanto, durante o caminho, enquanto transportava a água, disse ao pote:

«Já viste como existem flores do teu lado do caminho? Notaste que, dia após dia, enquanto voltávamos do poço, eras tu que as regavas? Durante 2 anos pudemos apanhar flores para decorar a mesa do meu patrão. Se tu não fosses assim, não conseguíamos ter uma mesa tão bonita», disse o Sr. Raj.

Resumindo, o potinho fendido desenvolvia baixa autoestima, pelo que, às vezes, necessitamos, apenas, de uma nova forma de ver as coisas, para nos estimarmos melhor.

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