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OPINIÃO

OPINIÃO -
A menopausa

Texto de Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

A inspiração para escrever este artigo surgiu durante um espetáculo, a que assisti, no Coliseu do Porto, que se chama, precisamente, “Menopausa”, interpretado, brilhantemente, pela atriz brasileira, Cláudia Raia, no qual contracena com o marido, Jarbas Homem de Mello. Da minha perspetiva, aquele espetáculo, além de entreter, fez serviço público. A forma como descrevia a experiência, que a própria Cláudia atravessou com a sua menopausa (a peça tinha um guião muito autobiográfico) foi muito informativa. Pretendo com este artigo, tentar também fazer algum serviço público.

A menopausa é um processo natural na vida de todas as mulheres, marcando o fim da fase reprodutiva. Ocorre, geralmente, entre os 45 e 55 anos, sendo caracterizada pela interrupção definitiva da menstruação. No entanto, os efeitos dessa transição vão muito além do ciclo menstrual, impactando significativamente tanto com o corpo quanto com a mente.

A queda na produção de hormonas, como o estrogénio e a progesterona, está associada à menopausa. Este processo provoca uma série de sintomas físicos, como ondas de calor, suores noturnos, secura vaginal e a diminuição da líbido. Além disso, a redução hormonal pode levar à perda de massa óssea, aumentando o risco de osteoporose, e ao aumento de peso, especialmente na região abdominal. Outro problema comum é a alteração no metabolismo, que pode favorecer o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Não são apenas os sintomas físicos que afetam a qualidade de vida das mulheres durante a menopausa. O desequilíbrio hormonal pode causar alterações de humor, ansiedade, irritabilidade e, em alguns casos, depressão. Muitas mulheres relatam dificuldades de concentração e problemas de memória, o que pode gerar frustração e baixa autoestima.

A sobrecarga emocional pode tornar as relações mais tensas, levando a desentendimentos. Pequenas situações do dia a dia podem parecer mais stressantes, levando a conflitos com familiares, amigos e colegas de trabalho. Os impactos psicológicos da menopausa também podem ocorrer nos relacionamentos. A queda hormonal pode reduzir o desejo sexual, além de provocar desconforto físico, devido à secura vaginal. Isso pode gerar distanciamento, causando sentimentos de culpa ou incompreensão entre os parceiros.

Embora os efeitos da menopausa possam ser desafiadores, há formas de amenizá-los. A prática de atividades físicas regulares, como caminhadas, ioga, ou pilates, ajuda a manter o peso sob controlo, melhora o humor e fortalece os ossos. Uma alimentação equilibrada, rica em cálcio e Vitamina D, também é essencial para prevenir problemas ósseos. Outro recurso é a terapia hormonal, que pode ser indicada por um médico, para aliviar sintomas mais intensos. A própria Cláudia partilhou, no espetáculo, que fez terapia hormonal, para além de ter previamente congelado os óvulos, e engravidou do seu terceiro filho aos 56 anos, encontrando uma forma para lidar com a sua menopausa.

Por fim, é fundamental falar abertamente sobre o assunto e recolher apoio emocional, na família, em grupos de suporte, ou com profissionais de saúde mental. A menopausa não deve ser vista como um fim, mas como uma transição natural; como o início de uma nova fase de vida, repleta de possibilidades e aprendizagens.

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