Com a cidade do Funchal coberta de fumo desde quarta-feira, o presidente do Governo Regional da Madeira considerou, este domingo, que as críticas que tem recebido por não ter aceitado de imediato a ajuda do continente partiram de “abutres políticos” e “treinadores de bancada”, que “não sabem como é que se combate” um incêndio.
Miguel Albuquerque deixou ainda críticas ao Estado português, horas depois de um avião ter aterrado, sob condições muito difíceis, no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo com mais de 70 operacionais da Força Operacional Conjunta que vão ajudar a combater o fogo.
O governante fazia um ponto de situação, quando voltou a ser confrontado com as críticas de que foi alvo, não só da oposição, mas também por parte da população.
“Eu não acredito é que há um conjunto de abutres políticos que se querem aproveitar destas situações para tirar dividendos políticos. Depois, há também um conjunto, para além dos abutres, dos chamadores treinadores de bancada, que nunca tiveram num fogo, não sabem como é que se combate o fogo, não têm qualquer ideia de qual é a estratégia a utilizar em termos práticos para actuar. Nós actuamos em função de orientações técnicas, os fogos não se combatem de forma desregrada”, disse Albuquerque, em declarações aos jornalistas no Curral das Freiras, concelho de Câmara de Lobos.
Interrogado sobre as sugestões de que a região deveria ter mais do que um meio aéreo de combate aos incêndios, Albuquerque lembrou que, “neste momento”, o arquipélago está a gastar “três milhões de euros” no meio que tem, que é “determinante”, mas que neste fogo nem sempre conseguiu operar.
“ALTO NEGÓCIO PARA O ESTADO”
Confrontado sobre a possibilidade de pedir ajuda, neste sentido, ao Estado, o presidente do Governo Regional da Madeira atirou: “Por mim, tínhamos três ou quatro, mas temos de negociar as coisas. O Estado não assume responsabilidades, nas suas regiões autónomas, nos sobrecustos da Educação, da Saúde, na área da Protecção Civil. Tudo isto é pago pelos contribuintes da Madeira”.
“A Madeira e Açores, neste momento, no quadro das finanças regionais, é o alto negócio do Estado. O Estado diz que a Madeira e os Açores fazem parte integrante da nação e do Estado português, mas cada vez gasta menos dinheiro. Portanto, é um bom negócio”, criticou.
AVIÃO COM AJUDA CHEGA À ILHA
Antes destas declarações, tinha já chegado à ilha um avião KC-390 da Força Aérea Portuguesa (FAP) mais de 70 elementos, e respectivo material, da Força Operacional Conjunta que vão ajudar a combater o fogo.
A FAP adiantou que o avião “KC-390, da Esquadra 506 – ‘Rinocerontes’, descolou pelas 23h40, de sábado, do Aeródromo de Trânsito N.º 1, na Portela, em direcção ao Aeroporto Internacional da Madeira, onde aterrou por volta da 01h30, sob condições meteorológicas adversas”.
De notar que o vento tem estado a condicionar o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo. Este domingo, por exemplo, nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar.