Por Rui Ribeiro Barata
Conselheiro das Comunidades Portuguesas em Estrasburgo
Caras e caros conterrâneos, as férias de verão estão à porta. Este é sempre um período em que milhares de portugueses e turistas se deslocam até ao nosso Concelho. Para uns será o reencontrar seus entes queridos, que para muitos, já não se encontravam desde o verão 2019. Para outros, será o momento escolhido para visitar e descobrir a cultura e os atractivos turisticos do nosso território. Este verão será sem dúvida um momento de reencontros, de proximidade e de afectos, mas sempre consciente que a situação pandémica ainda é frágil. Devemos todos em conjunto, continuar a aplicar os gestos “barreira”, no sentido de preservar a saúde do colectivo.
Reforço a ideia de que os portugueses residentes no estrangeiro para se deslocarem a Portugal terão de apresentar o certificado digital Covid ou na impossibilidade, um teste PCR ou antigénico negativo. Estas são medidas importantes para restabeler a confiança e amenizar preconceitos que se possam ter em relação às pessoas que chegam do exterior ao nosso território.
Este ano 2021 ficará também ele marcado pela realização das eleições autárquicas no dia 26 de setembro. Neste contexto gostaria de reafirmar enquanto amarense residente no estrangeiro e à semelhança de muitos milhares, continuamos impedidos de ter voz na escolha dos destinos do nosso Concelho. Não nos sendo possível eleger os nossos representantes autárquicos. Já em 2017 escrevi um artigo de opinião a este propósito.
Portugal possuí mais de 2,5 milhões de portugueses residentes no estrangeiro com direitos cívicos e políticos activos. Ou seja, cerca de 25% da população portuguesa reside no estrangeiro. Pelo peso, importância e laços de afectividade das comunidades portuguesas da diáspora na nossa sociedade, devemos ter uma atenção particular para com este universo de eleitores.
Como em 2017, continuo a achar que a grande maioria dos territórios ainda não percebeu o potencial e a mais valia que todo este aglomerado humano pode proporcionar ao desenvolvimento dos territórios. Já nem evoco as remessas que são enviadas, os impostos locais que são cobrados, os investimentos empresariais que são efectuados por ou através da diáspora portuguesa, o contributo ao nível do consumo, do turismo, da hotelaria, do comércio, dos eventos, que estas centenas de milhares de portugueses dão à economia local e da revitalização dos territórios rurais portugueses, essencialmente durante os meses de verão.
Por estas e outras razões e após 47 anos da reposição da Democracia em Portugal, continuamos convictos que os direitos mais fundamentais não estão a ser salvaguardados para todos. Os portugueses residentes no estrangeiro continuam a sofrer duma tremenda injustiça. Não nos devemos esquecer que Portugal foi, é e será uma nação de emigração, repartida pelo mundo.
Apelo a que as forças políticas e os diferentes candidatos às próximas eleições autárquicas integrem nas suas listas compatriotas residentes no estrangeiro, e que nos seus programas incluam propostas, ideias e projectos com esta visão exterior, desinteressada e ambiciosa para o Concelho. Este trabalho ao ser realizado em conjunto, será certamente mais proficuo para todos.
Lanço um apelo à maior participação cívica possível no próximo escrutinio autárquico. Para bem de Amares e para bem da Democracia. Se estiver recenseado, vote no dia 26 de setembro.