A Casa dos Coimbras, em Braga, inaugura a exposição internacional “Caminhos de Esperança”, este sábado, 05 de abril, às 18h00. A mostra junta o trabalho de 30 artistas de várias nacionalidades e tem curadoria do pintor Santiago Belacqua.
“Nesta exposição coletiva, optei por juntar nomes portugueses a artistas estrangeiros, nomeadamente de Angola, Áustria, Cabo Verde, França, Itália, Roménia e Ucrânia”, descreve o curador artístico.
Belacqua acrescenta que, em “Caminhos de Esperança”, os artistas convidados “mostram com otimismo que o presente deverá garantir um mundo melhor e que muitas adversidades quotidianas são criadas pelo próprio ser humano, mas a esperança, essa que move os artistas, é inabalável”.
Os trabalhos dividem-se entre a arte realista e pinturas de arte sacra “para fazer jus à época quaresmal”, sublinha Santiago Belacqua, que, além do papel de curador, leva à Casa dos Coimbras uma pintura em cerâmica, “O Caminho da Esperança”, que inspirou o nome da exposição.
PINTAR PARA COMUNICAR
Para o artista José Miranda Brito, que nasceu em Angola e viveu a infância em Cabo Verde, “é sempre um privilégio mostrar as [suas] obras a mais pessoas”. “É importante que saibam que existem artistas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que têm a sua forma de fazer arte. Estas iniciativas, também, são importantes para as comunidades e para incentivar os mais novos a pintar”, refere José Miranda Brito.
À Casa dos Coimbras, o artista leva uma pintura acrílica sobre tela que reflete sobre os efeitos da pegada humana no meio ambiente. “Os temas das minhas obras vão oscilando conforme o meu estado de espírito e do que pretendo comunicar”, sublinha o também serralheiro de moldes, residente em Setúbal. “Sempre pintei com o objetivo de comunicar e não de seguir pintura”, reforça.
Já Rita Mariano, uma das artistas portuguesas que estarão presentes na inauguração, vai à Casa dos Coimbras expor pela primeira vez “Madonna Della Serpa”, uma versão contemporânea da conhecida obra de Caravaggio.
“Na sua obra, há uma mãe que ajuda o filho pequenino a matar uma serpente. Decidi fazer uma versão contemporânea. Os tempos mudam tão rapidamente que, por vezes, os nossos pais não estão preparados para nos conseguir educar para situações que vamos ter de enfrentar. Então, fiz uma mulher sozinha, onde a própria tem de descobrir como matar a serpente, ou seja, como enfrentar a dificuldade”, explica a artista do Porto.
Rita Mariano fala de uma obra complexa, que demorou sete anos a estar concluída. “O quadro foi pintado em muitas camadas, pintei-o de dentro para fora, ou seja, pelo interior do corpo e, só depois, as camadas com os tons da pele. Comecei o trabalho em 2016 e só o terminei em 2023. Apesar das técnicas contemporâneas, não temos que ignorar a tradição que há para trás. Queria algo mais visceral, mais humano”, conta a artista.
A exposição coletiva estará patente até 17 de maio e pode ser visitada de segunda-feira a sábado, entre as 10h00 e as 19h00.