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OPINIÃO

OPINIÃO -
Comportamento sexual

Texto: Hélder Araújo Neto (Psicólogo Clínico)

O comportamento sexual humano é um tema de profunda complexidade, envolvendo aspetos biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Do ponto de vista psicológico, a sexualidade é muito mais do que uma simples resposta biológica: é uma forma de expressão, um reflexo das emoções e um componente crucial da identidade humana.

A Psicologia entende a sexualidade como parte integral da identidade de uma pessoa. Desde os trabalhos de Sigmund Freud, que explorou a sexualidade como um dos motores fundamentais do comportamento humano, até aos estudos contemporâneos sobre orientação sexual e identidade de género, a sexualidade é compreendida como um fenómeno multifacetado.

O comportamento sexual não é uniforme e varia amplamente entre os indivíduos. Existem diversos fatores psicológicos que influenciam e moldam esse comportamento, a saber: experiências passadas, as vivências positivas ou negativas durante a infância e adolescência podem influenciar as preferências e comportamentos sexuais na vida adulta; a autoestima e a perceção corporal afetam como os indivíduos vivenciam a sua sexualidade.

A insegurança relativamente ao corpo, por exemplo, pode levar a inibições ou então a comportamentos compensatórios; ansiedade, depressão ou “stress” são fatores que podem impactar negativamente com o desejo sexual e o desempenho, sendo uma área amplamente estudada na psicologia clínica.

O sexo tem um lado pernicioso; pode ser utilizado como ferramenta ou arma de manipulação, em certos contextos, dependendo isso de como as dinâmicas de poder, desejo e controlo estão presentes nas relações. Este uso manipulativo pode ocorrer em diferentes níveis e formas, afetando relacionamentos interpessoais, dinâmicas sociais e até estruturas de poder maiores, tais como os seguintes exemplos: um parceiro pode oferecer ou negar sexo para obter o que deseja, como favores, atenção ou controlo sobre a outra pessoa; pode usar-se a atração sexual como forma de conquistar vantagens financeiras, emocionais ou sociais; indivíduos em posições de poder podem oferecer benefícios em troca de favores sexuais, criando uma dinâmica coerciva; nos relacionamentos tóxicos, os manipuladores podem usar o sexo para controlar emocionalmente os seus parceiros, criando vínculos intensos e dependência, que dificultam, para a outra pessoa, o abandono da relação; expor ou ameaçar expor conteúdos íntimos para forçar alguém a agir de determinada forma (conhecido como “revenge porn” ou pornografia de vingança).

Assim, utilizar o sexo como ferramenta de manipulação pode causar danos emocionais, tanto no manipulador, como na pessoa manipulada. As pessoas que utilizam o sexo para manipular, apresentam, frequentemente a necessidade de dominar ou controlar o comportamento dos outros, mas sofrem porque só conseguem ter relações superficiais, dificilmente estabelecendo vínculos autênticos, baseados em respeito e reciprocidade. Para a pessoa manipulada, os impactos emocionais podem passar pela sensação de desvalorização, pela confusão ou baixa autoestima, pela dependência emocional, culpa ou vergonha.

Para concluir, a saúde psicológica está diretamente ligada com o bem-estar sexual. Problemas como disfunções sexuais, obsessões-compulsões ou fobias relacionadas com a sexualidade são, frequentemente, manifestações de questões emocionais subjacentes. O tratamento psicológico, especialmente através da terapia cognitivo-comportamental, e da terapia sexual, têm-se mostrado eficazes no tratamento destas questões. É essencial continuar a educação e o diálogo aberto sobre a sexualidade, desmistificando preconceitos e reforçando que a saúde sexual é um direito fundamental e uma parte vital da qualidade de vida.

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