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Cusquices (janeiro)

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Por Marco Alves

Reclamar é a forma mais sonante que o comum cidadão manifesta ao longo da sua vida. Poucas ou nenhumas vezes se apregoa a GRATIDÃO.

Assistimos a um número elevado, ou talvez seja mera coincidência, de obras públicas no grandioso e majestoso concelho de Amares. Repito, não vou referir se estão bem ou mal, as diversas obras espalhadas pelo município. Alguns conterrâneos parafraseiam nos habituais locais de escuta atenta: “Parecem as obras da Santa Engrácia”.

A igreja de Santa Engrácia foi fundada em 1568, por ordem da Infanta D. Maria, filha do Rei D. Manuel I, mas do templo dessa época nada resta. Em 1663 foi feito um concurso para o projeto de uma nova igreja, ganho pelo arquiteto João Antunes. Será então uma das primeiras obras de teor barroco do país, com uma localização privilegiada e vista desafogada sobre o rio Tejo. De grandes proporções e com modelo centralizado definindo uma planta de cruz grega (planta quebrada), evoca o templo italiano de San Pietro in Montorio e San Saitro em Milão, da autoria de Donato Bramante.

Devido a várias vicissitudes, entre as quais a morte do arquiteto e o terramoto de 1755, as obras só terminaram em meados do século XX, já como Panteão Nacional, função que lhe foi atribuída em 1916. No interior, para além da sepultura da cantora de fado Amália Rodrigues, encontram-se os restos mortais dos escritores João de Deus, Almeida Garrett e Guerra Junqueiro e dos Presidentes da República Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona. São ainda evocados por cenotáfios de Luís de Camões, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque, Nuno Álvares Pereira, Vasco da Gama e do infante D. Henrique. Mais recentemente a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, falecida em 2004, e o jogador de futebol Eusébio da Silva Ferreira, falecido em 2014, encontram-se também sepultados no Panteão.

Por ter demorado tanto tempo a ser construída entrou no vocabulário popular para designar qualquer coisa que demora muito tempo a ser feita. Diz-se então que “parecem as obras de Santa Engrácia”.

O Panteão Nacional é um dos edifícios mais emblemáticos da cidade de Lisboa. Mesmo os desavisados que passam por ali enquanto caminham pela zona histórica de Santa Clara dificilmente conseguem resistir a aproximar-se da impotente construção, cuja cúpula pode ser vista a centena de metros de distância.

Curiosamente, o símbolo do barroco foi usado pelo Estado Novo como uma arma de propaganda: ao conseguir finalizar em 1966 um projeto que se havia arrastado por tantos anos de inconcluso, o governo passava a mensagem de ser capaz de solucionar problemas em curto prazo de tempo.

Já se avistam as majestosas vigas de ferro na feira…

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