Artigo de Bruno André Faria
Técnico Superior de Saúde Ambiental na Unidade de Saúde Pública ACeS Cávado II – Gerês/Cabreira
A energia é fundamental para a nossa sociedade, mas também é responsável por grande parte das emissões de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas. Por isso, é essencial que avancemos rapidamente para uma transição energética sustentável.
Portugal tem feito progressos significativos na transição para uma economia de baixo carbono nos últimos anos. Em 2020, mais de 50% da eletricidade consumida no país foi produzida a partir de fontes renováveis, principalmente energia eólica e solar. Este é um grande avanço em comparação com os 16% de produção de energia renovável em 2005. Além disso, Portugal comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2050, o que significa que as emissões de gases de efeito estufa terão que ser reduzidas a zero.
No entanto, ainda há muito a ser feito. O setor dos transportes, por exemplo, é responsável por mais de um terço das emissões de gases de efeito estufa em Portugal e é uma das áreas mais difíceis de descarbonizar. É necessário aumentar a utilização de transportes públicos, incentivar a utilização de veículos elétricos e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
A eficiência energética é outro desafio importante. Segundo um estudo recente da Agência Internacional de Energia, a melhoria da eficiência energética poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 40% até 2040. Em Portugal, a eficiência energética dos edifícios é uma das áreas com maior potencial de melhoria. Segundo a Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais, 75% dos edifícios em Portugal foram construídos antes de 1990 e têm baixa eficiência energética. A melhoria da eficiência energética nos edifícios pode não só reduzir as emissões de gases de efeito estufa, mas também reduzir as faturas de energia dos consumidores.
Outro desafio para Portugal é a gestão de resíduos. A incineração de resíduos ainda é uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa em Portugal. É necessário investir em soluções de gestão de resíduos mais sustentáveis, como a reciclagem e a compostagem.
A transição para uma economia de baixo carbono não é apenas uma questão ambiental, mas também uma oportunidade econômica. Um relatório recente do Banco Europeu de Investimento indica que a transição energética pode criar até 180 mil empregos em Portugal até 2030 e impulsionar a economia do país. A transição para uma economia de baixo carbono também pode tornar Portugal mais resiliente às flutuações dos preços dos combustíveis fósseis e mais independente em termos energéticos.
Em suma, o Dia Nacional da Energia é um lembrete importante de que a transição energética sustentável é essencial para o futuro de Portugal e do planeta como um todo. O país tem feito progressos significativos na produção de energia renovável, mas é necessário continuar a investir em soluções inovadoras para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em outras áreas, como os transportes, a eficiência energética dos edifícios e a gestão de resíduos. A transição energética pode ser uma oportunidade económica para o país, ao mesmo tempo que contribui para a proteção do meio ambiente e do clima global.
Referências:
Agência Internacional de Energia (2020). Energy Efficiency 2020. Recuperado em 9 de março de 2023, de https://www.iea.org/reports/energy-efficiency-2020
Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais (2021). Eficiência energética em edifícios. Recuperado em 9 de março de 2023, de https://apeta.pt/wp-content/uploads/2021/04/Eficiencia-Energetica-em-Edificios_2021.pdf
Banco Europeu de Investimento (2020). Investimento na transição energética em Portugal. Recuperado em 9 de março de 2023, de https://www.eib.org/attachments/pipeline/investing-in-portugals-energy-transition_pt.pdf