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OPINIÃO -

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Encarregados incoerentes de educação

A educação é um direito, esta altera e transforma a sociedade, e por conseguinte, o indivíduo. Não podemos considerar a educação meramente como transformadora das sociedades, esta é um contínuo processo de desenvolvimento das capacidades físicas, intelectuais, sociais, económicos e culturais.

Vamos imaginar o seguinte cenário: um miúdo numa escola, chamemo-la de mais rural, magoa-se e, por devoção e zelo, a direcção da escola chama o encarregado de educação. Este chega à escola e a primeira reacção que tem é ‘desancar’ em tudo e em todos. Ameaça tirar o filho de lá. Uma ameaça que concretiza no ano escolar seguinte.

Na nova escola, mais urbana, o miúdo não conhece ninguém, quando se magoa ninguém quer saber e o encarregado de educação só sabe quando chega a casa. “Não é nada”, diz-lhe. Até porque “onde estão muitos miúdos é normal haver situações dessas”. E lá continua o filho.

Dias depois, uma manifestação ruidosa tenta não fechar a escola mais rural porque a falta de crianças levou à decisão salomónica das entidades superioras.

Na linha da frente, a falar para todos os órgãos de comunicação está o encarregado de educação desta história. Indigna-se com todos e acusa as autoridades de querem acabar com o mundo rural e com a boa vida do campo. Um verdadeiro “Frei Tomás”. Trocou o carinho, a atenção e o zelo da escola rural pela frieza, impessoalidade e o não quer saber. E só porque o filho se magoou como poderia acontecer noutra escola e noutra circunstância qualquer.

Os pais de hoje na escola são isto: de uma incoerência atroz. Deixam-nos lá das 07h30 às 19h30 e esperam que sejam felizes. Se não são, a culpa é da escola.

São os professores e educadores, e se não forem eles sabe Deus, que guiam estas crianças mas são, também, eles os primeiros a serem responsabilizados pela falta de educação.

No fim-de-semana, onde teoricamente teriam mais tempo, deixam as crianças nos avós e nos familiares e vão tratar da sua vidinha.

Já sei, a vida profissional, os horários massacrantes, os turnos, a exploração laboral são as desculpas. Sim, pode ser verdade. Para quando uma tomada de posição, coerente, para reverter isto?

Não são as manifestações para melhores salários, melhores reformas e menos impostos que deveriam estar na linha da frente. Para exigir mais tempo com os filhos não é preciso mais dinheiro, melhores reformas ou menos impostos. É preciso deixar de ser incoerente e passar a ser exemplar.

Sair para a rua e gritar “queremos mais tempo com os nossos filhos” é que era de valor.

Há um sábio provérbio africano que diz que, para educar uma criança, é preciso toda uma aldeia. Sobre isso, o Papa Francisco é enfático: “Chegou a hora de os pais e as mães voltarem do seu exílio – porque se autoexilaram da educação dos próprios filhos – e recuperarem as suas funções educativas, reapropriando-se dos seus papéis insubstituíveis”. O tempo é único e não volta.

Portanto, pais façam a sua parte, educando, acompanhando a vida escolar e exigindo mais tempo com os vossos filhos.

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