Opinião de Gonçalo Alves
A reforma dos cuidados de saúde primários introduziu algumas alterações nos últimos anos e, apesar da mudança implicar um tempo de adaptação, quer para os profissionais, quer para os utentes, a verdade é que os benefícios são evidentes quanto à maior acessibilidade, qualidade e responsabilização dos cuidados prestados.
O modelo organizativo das Unidades de Saúde Familiares (USF) permitiu um maior comprometimento, autonomia, coesão e responsabilização das equipas multidisciplinares. A visibilidade de todo o trabalho desenvolvido pelas unidades, a quantificação das atividades, bem como a avaliação do seu desempenho, que até então eram impercetíveis, podem agora ser monitorizadas e acompanhadas por todos os utentes através do portal BI-CSP. Com modelo das USF’s surgiu a figura do Enfermeiro de Família.
A enfermagem centra os seus cuidados na pessoa com toda a sua individualidade, assim como na família, numa visão integral, maximizando as forças, recursos e competências da família, sendo o Enfermeiro de Família o garante da proximidade nos cuidados de saúde primários.
A prática profissional do Enfermeiro de Família baseia-se, fundamentalmente, no relacionamento interpessoal entre um enfermeiro e uma pessoa ou um grupo de pessoas, desenvolvendo-se por meio de atitudes humanizantes. Cuidar é, acima de tudo, o comprometimento pela manutenção da dignidade e integridade da pessoa alvo de cuidados.
A intervenção na família, enquanto unidade de cuidados, e com o objetivo de colmatar aquelas que são as suas necessidades ou de um dos seus elementos, precisa de intervenções de enfermagem, com vista à promoção da efetividade do funcionamento do seio familiar.
O Enfermeiro de Família, como parte integrante de uma equipa multidisciplinar de saúde, avoca a responsabilidade pela prestação de cuidados de enfermagem globais, numa visão holística, nos diferentes momentos do processo vital, desde o nascimento à morte, com preponderância na promoção da saúde, na prevenção da doença, no processo de reabilitação e na prestação de cuidados gerais e de especialidade.
O seu papel de agente facilitador do desenvolvimento de competências, permite uma cada vez maior autorresponsabilização dos utentes e família pelo seu estado de saúde, com o consequente aumento da literacia em saúde, da autonomia e da qualidade de vida. A capacitação de utentes, pelo Enfermeiro de Família, permite uma maximização dos ganhos em saúde, promovendo a colaboração de todos, tornando-se mais pró-ativos na manutenção da sua saúde e tratamento da doença.
É neste contexto de informação e partilha que, neste espaço de opinião “Enfermeiro de Família”, quero esclarecer as dúvidas dos leitores e receber propostas de temas a abordar! Doenças, estilos de vida saudáveis, qualidade de vida, formas de prevenção e tratamentos, tudo será abordado neste espaço de opinião. Envie as suas sugestões para [email protected].