Quatro trabalhos desenvolvidos por estudantes de licenciatura em Design de Ambientes e Design do Produto da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) vão estar expostos na primeira edição da Bienal de Arte e Design do Funchal.
A mostra abre portas esta quinta-feira, 27 de março, ficando até finais de junho. Os projetos do IPVC estão incluídos na exposição “Comunicar Hoje”.
«Esta exposição pretende criar, por um lado, um espaço de demonstração do melhor que se pensa e projeta em Portugal, e por outro, dar oportunidade a todas as instituições ligadas à educação superior em Design de se reunirem e refletirem sobre as orientações do ensino do Design e como este está a contribuir para o desenvolvimento ambiental, cultural, económico e social do país», afirma Susana Gonzaga, Coordenadora da Bienal e docente na Universidade da Madeira.
A exposição junta trabalhos representativos de 27 instituições, entre as quais universidades, politécnicos e escolas superiores nacionais. Ao todo, serão cerca de 250 projetos das mais variadas áreas, incluindo media design, design de produto, design de ambientes ou design gráfico e, ainda, jogos e moda.
Criatividade e inovação no Design de Ambientes
Na área do Design de Ambientes, estará em exposição o projeto que deu origem ao Stand IPVC, desenhado pelos estudantes Dinis Ferreira e Nuno Rocha, sob orientação dos docentes Rui Cavaleiro e Luís Mota. «Trata-se de um espaço de representação institucional inovador, que simboliza os valores e a identidade do Politécnico de Viana do Castelo», aponta a instituição, com comunicado.
«Pensei em todos os jovens que chegam ao final do ensino secundário e se sentem perdidos, sem saber o que fazer ou seguir, por isso, quis-lhes apresentar um espaço onde se sentissem confortáveis e confiantes para seguir os seus estudos! E nada melhor que o nosso IPVC, o nosso ponto de partida!», aponta Dinis Ferreira.
O outro artista, Nuno Rocha, destaca o caráter inovador do projeto. «Quisemos criar um ambiente com uma estética futurista e inovadora para captar a atenção e o interesse principalmente dos mais jovens, que são o nosso público-alvo, mas mantendo alguns princípios: fácil mobilidade, formas simétricas e simplificadas», reflete.
Ainda no âmbito do curso de licenciatura em Design de Ambientes, foi selecionado o projeto Schelter On, desenvolvido por Bruna Freire, estudante do mestrado em Design Integrado da ESTG-IPVC, com o apoio do Grupo de Trabalho em Design, composto pelos docentes Rosa Venâncio, Manuel Rivas, Liliana Soares, Ermanno Aparo, Rui Cavaleiro e Jorge Teixeira, da Methamorphys (Associação que desenvolve trabalho na área social), do Gabinete de Atendimento à Família (GAF) e da Câmara Municipal de Viana do Castelo.
Schelter On assenta na ideia de criação de um “espaço digno” para as pessoas em situação de sem abrigo em Viana do Castelo, explica Bruna Freire. A “grande diferença” entre os espaços já existentes para acolherem sem abrigo e o Schelter On está no modo de funcionamento.
«Este projeto-piloto não pretende fidelizar as pessoas, muito menos ter regras e horários de entrada», descreve Manuel Rivas, salientando que o projeto se baseia na premissa de «dignificar a vida dos sem abrigo, dando-lhes um espaço para dormir e tomar um banho».
Design do Produto em destaque
Na vertente do Design do Produto, os projetos ANFITRITE, da estudante Bruna Vaz, e 4, de Mirian Banholzer, foram selecionados para integrar a exposição “Laboratórios de Design”.
Desenvolvidas no contexto da unidade curricular Introdução ao Projeto II, sob a orientação dos docentes Patrícia Vieira e Manuel Rivas, estas propostas exploram conceitos inovadores de iluminação com uma abordagem estética e conceptual diferenciada.
As duas resultam de um desafio lançado pelos docentes, que pretendia «estimular a imaginação e a criatividade dos estudantes», explica o comunicado. Assim, propondo-lhes «transformar materiais celulósicos flexíveis ou semiflexíveis, num objeto de iluminação para um espaço habitacional selecionado pelo aluno».
«A solução final deveria ser inovadora, responder eficazmente ao problema definido pelo aluno e possuir, simultaneamente, uma estrutura funcional e estética que apelasse a uma linguagem contemporânea», afirmam os docentes, citados no documento.
Bruna Vaz diz que a peça surge da sua «profunda relação com o mar, fonte de inspiração e contemplação, combinada com uma ligação íntima e atemporal à ideia de fluidez como expressão de leveza, transformação e renovação», aponta.
Já Mirian Banholzer, autora do projeto 4, recorda que «durante as viagens de comboio entre Braga e Viana do Castelo, observava diariamente as árvores ao longo do percurso». «Este fenómeno – que transforma gradualmente a paisagem, da euforia do florescer à melancolia do repouso – tornou-se a essência conceptual do projeto», aponta.
A seleção destes projetos para a Bienal resulta de um processo iniciado em dezembro de 2024, em resposta a uma open call nacional coordenada pela Universidade da Madeira. Cada instituição de ensino superior em Design teve a oportunidade de submeter até quatro projetos.
Exposição ‘abre portas’ para os estudantes do IPVC
Para a docente Patrícia Vieira, «a seleção e participação dos projetos das alunas Bruna Vaz e Mirian Banholzer na Bienal de Arte e Design do Funchal evidencia o reconhecimento da sua criatividade, trabalho e empenho, evidenciando a qualidade e inovação das suas propostas», avança.
«Esta conquista não só valoriza os seus portfólios e currículos, como também abre portas para oportunidades no mercado de trabalho, fortalecendo a sua posição enquanto promissoras jovens designers», vinca.
A participação do Politécnico de Viana do Castelo neste evento nacional «reafirma o compromisso da instituição com a criatividade, inovação e impacto social no ensino do Design, preparando os seus estudantes para se afirmarem no mundo profissional», termina a instituição.