Artigo de Magda Durães
Todos os anos são noticiados vários casos de intoxicação por monóxido de carbono. Em outubro passado, a inalação de monóxido de carbono foi a causa de morte de três pessoas no Fundão. Foi noticiado também o episódio de uma senhora que, em Vieira do Minho, caiu sobre a lareira e sofreu queimaduras graves no rosto e tronco. Apesar de não terem sido dados mais pormenores sobre o caso, este também poderá estar relacionado com a inalação de monóxido de carbono.
Quando se faz uma fogueira em local devidamente ventilado, a combustão é completa e produz dióxido de carbono e água. Pelo contrário, quando se liga um aparelho de aquecimento ou de um motor de combustão, seja qual for o combustível (carvão, madeira, petróleo, gasolina, gasóleo, gás natural, butano, propano) num local mal ventilado, o oxigénio do ar vai-se consumindo na combustão, vai ficando insuficiente para assegurar a combustão completa e, por isso, surgem outros produtos, entre os quais o monóxido de carbono, que é altamente tóxico.
Muitos dos acidentes domésticos estão relacionados com a utilização de lareiras, braseiras, salamandras ou outros equipamentos de aquecimento mantidos em espaços fechados e sem ventilação. A Direção-Geral da Saúde recomenda “a correta ventilação das divisões de forma a evitar a acumulação de gases nocivos à saúde, evitando os acidentes por monóxido de carbono que podem causar intoxicação ou morte”.
Ao contrário do gás que tem um cheiro caraterístico que permite detetar rapidamente uma fuga, o monóxido de carbono não tem cheiro nem cor e é difícil de detetar. A inalação de mais de 100ppm (partes por milhão), equivalente a 0,01% do ar respirado, já é suficiente para causar sintomas. Os sintomas iniciais da intoxicação por monóxido de carbono incluem dor de cabeça, náuseas e tonturas. Se a exposição ao monóxido de carbono se mantiver, a pessoa começa a apresentar alterações do comportamento, perda de consciência e, em seguida, entra em coma e morre. Se a pessoa estiver a dormir, os sintomas de alerta não são sentidos, pelo que facilmente a intoxicação por monóxido de carbono causa a morte.
Em Amares (Censos, 2011), em 41,1% das habitações que possuem aquecimento, esse aquecimento é feito através de uma lareira aberta. Considerando que este número é relativamente alto, todos os amarenses devem estar alerta para o perigo da inalação de fumos ou substâncias irritantes químicas que podem provocar danos nas vias respiratórias. As crianças, as mulheres grávidas, as pessoas com doenças das vias respiratórias e os idosos são os mais vulneráveis.
Recomendações:
- Anualmente, quando o Inverno estiver a chegar, verifique todos os seus aparelhos de aquecimento por combustão: caldeiras e esquentadores de água, fogões, fornos, lareiras, aquecimento central, aquecedores, entre outros. Verifique e solicite ajuda técnica especializada para a limpeza da sua chaminé e exaustor;
- Não utilize equipamentos de aquecimento de exterior em espaços interiores. Nomeadamente, os equipamentos cujo motor é de combustão (geradores, bombas de calor, entre outros) deverão ser sempre instalados no exterior;
- Evite dormir/descansar muito perto da fonte de calor;
- Apague a lareira ou desligue os sistemas de aquecimento antes de se deitar ou sair de casa;
- Promova uma boa circulação de ar. Não feche completamente as divisões de casa mas, ao mesmo tempo, evite as correntes de ar frio;
- Nunca obstrua as entradas e saídas de ar (grelhas de ventilação, cozinha, casa de banho ou janelas);
- Nunca faça queimadas num local fechado e muito menos fique por perto a ver a fogueira arder;
- Os carros com motor de combustão também libertam monóxido de carbono, portanto, nunca deve deixar o carro ligado numa garagem fechada. Se trabalhar numa oficina e tiver necessidade de ter carros ligados dentro de um espaço fechado, uma solução poderá ser instalar um detetor de monóxido de carbono.
Em caso de intoxicação por monóxido de carbono:
- Areje o local, abrindo portas e janelas;
- Desligue todos os aparelhos que possam estar na origem do acidente;
- Retire a vítima do local e leve-a para um sítio arejado ou mesmo para a rua. Procure ajuda médica. Nos casos mais graves (por exemplo, perda de consciência) ligue 112.
Perante uma suspeita de intoxicação contacte o Centro de Informação Antivenenos (808 250 250) e siga as instruções dadas.