Por Marco Alves
Sempre tive grande admiração por João Paulo II. Em 1984, o Papa organizou em Roma um encontro num Domingo de Ramos, para celebrar o jubileu dos jovens, inserido no Ano Santo da Redenção 1983-1984.
A experiência foi tão intensa para a Igreja que o Papa resolveu repeti-la no ano seguinte. Nesse encontro, 300 mil jovens vindos de todo o mundo repartiram-se entre as igrejas da cidade, reunindo-se depois na praça de São Pedro para participar na celebração com o Papa. Ainda em 1985, João Paulo II escreveu uma Carta Apostólica aos jovens do mundo inteiro e anunciou a criação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Dirigindo-se ao Colégio Cardinalício e à Cúria Romana, o Papa explicava assim a criação da JMJ: «Todos os jovens devem sentir-se acompanhados pela igreja: é por isso que toda a Igreja, em união com o Sucessor de Pedro, se sente mais comprometida, a nível mundial, a favor da juventude, das suas preocupações e pedidos, da sua abertura e esperanças, para corresponder à suas aspirações, comunicando a certeza que é Cristo, a Verdade que é Cristo, o amor que é Cristo, através de uma formação apropriada».
Lisboa foi escolhida para acolher a XXXVII Jornada Mundial da Juventude, a realizar de 2 a 6 agosto, onde são esperados 1,2 milhões de jovens.
O caminho de preparação da JMJ originou novo impulso às organizações jovens nas paróquias e dioceses. Através da forma tradicional ou de outras formas mais experimentais, os jovens tiraram os “fatos da primeira comunhão”, uniram-se e foram os protagonistas para levar esta notícia a mais gente.
Aventuraram-se a fazer diferente, fortaleceram os contactos com as comunidades locais. A viagem dos símbolos da JMJ foi o pretexto – e conseguiram estar em cada canto do nosso país, transportados a pé, de carro, de barco ou até de avião. Estas estruturas de jovens locais apontam a uma nova organização pastoral de muitas dioceses e paróquias e serão a nova realidade da Igreja em Portugal. Não aproveitar este impulso será um empobrecimento na forma de ser Igreja.
Este é o maior investimento que podemos fazer enquanto sociedade. Os jovens não esperam respostas para os seus problemas numa espécie de realidade virtual criada à medida que frequentam igrejas ou rezam em suas casas. Os jovens querem respostas concretas. É isso que vêm procurar a Lisboa e será isso que levarão se todos cumprirem o seu papel.
Depois de uma pandemia e tudo o que se seguiu, Portugal é chamado novamente a mostrar uma resposta conjunta e, para isso, conta com todos os inscritos, não inscritos, com fé ou sem fé. Todos serão tocados por esta onda e serão convocados para serem um instrumento dessa mudança. Maria levantou-se e partiu apressadamente.