O eurodeputado José Gusmão do Bloco de Esquerda (BE) visitou a Serra d’Arga, local onde está prevista a extracção de lítio, onde defendeu que a preservação do ambiente devia ser “uma batalha colectiva” de uma sociedade que tem a responsabilidade de denunciar os atentados ambientais.
Acompanhado pelas candidaturas do Bloco de Viana do Castelo, Caminha e Vila Nova de Cerveira e pela Corema – Associação de Defesa do Património, o parlamentar europeu afirmou, no final da visita, que foi possível no local perceber do “privilégio de habitarmos um país com esta beleza natural” e, paralelamente, da “responsabilidade que recai sobre nós para preservá-la”.
“Vimos os efeitos da exploração de volfrâmio – criada para alimentar a máquina da II Guerra, só terminando nos anos 90 – na contaminação da água e dos solos, transformando o verde de alguns locais em cenário pós-apocalíptico”, historiou, recordando que a empresa de extracção mineira acabou processada e pagou uma “multa irrisória” quando comparada com os custos do Estado português na tentativa de minimizar os danos e “os custos ambientais incalculáveis”.
“Quando falamos de recursos estratégicos e do interesse nacional, como no debate do lítio, muitas vezes nos esquecemos que eles conflituam com outros interesses nacionais, em particular daquele que será o nosso maior bem num planeta em crise climática: a água”, referiu
Para José Gusmão, “a contaminação resultante da violência da extracção é incontrolável, as chuvas arrastam por dezenas de quilómetros os resíduos tóxicos, impedindo que os solos regenerem, secando cursos de água e tornando a restante água imprópria para consumo pelas populações”.
“O facto de as explorações serem feitas em zonas fora das áreas protegidas não significa que as áreas protegidas (e tantas outras) não sejam afectadas pelo impacto destes processos”, acrescentou.
O eurodeputado lembrou que a Directiva Quadro da Água, entre outras, serve para proteger todos os recursos, não apenas os que se encontram em áreas ditas protegidas.
“A preservação do ambiente devia ser uma batalha colectiva da sociedade, em vez de constantes apelos de activistas às tutelas que tantas vezes permitem que as situações se arrastem até os danos serem irreversíveis”, defendeu
“Denunciar estas situações não é só um compromisso do Bloco, é uma responsabilidade”, rematou.