Opinião de Ana Silva
Com o aparecimento do novo coronavírus, surgiram vários mitos e medos no que toca a lentes de contacto (LC). Apareceram informações e algumas fake news que levantaram algum receio nos usuários destes dispositivos
Enquanto profissional, toda esta situação, não me deixa indiferente. A COVID-19 afetou a minha realidade profissional de várias formas e a de todos os meus colegas optometristas. Afetou os nosso pacientes e clientes. Todos nós tivemos de reinventar a nossa realidade profissional e pessoal.
O medo é inimigo do conhecimento. Desta forma, é importante desmistificar os mitos sobre as lentes de contacto e a COVID-19, para bem de todos.
Os coronavírus são uma família extensa de vírus, que podem afetar tanto humanos como animais. Nos humanos, sabemos que pode causar apenas sintomas semelhantes aos da gripe, ou patologias mais sérias, tais como a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS). A COVID-19 é a designação da patologia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV2), responsável pelo surto mundial (Fonte: Organização Mundial da Saúde, 01/06/2020).
Sabemos que a doença se pode propagar através das gotículas que vêm do nariz ou boca de um sujeito infetado com o novo vírus, no caso de serem projetadas (por exemplo com um espirro, durante uma conversa). Estas gotículas se foram inaladas por alguém, podem também contagiar. Da mesma forma, estas podem ficar sobre objetos e superfícies e, caso as pessoas entrem em contacto com os locais contaminados e de seguida levem as mãos ao rosto, podem contrair o vírus.
As lentes de contacto fazem parte do dia a dia de inúmeras pessoas por todo o mundo. Estes dispositivos médicos melhoraram a qualidade de visão e de vida de muitos pacientes e são uma mais valia na prática de consultório em optometria.
Ressurgiram recentemente estudos que afirmam que os coronavírus podem durar 5 horas ou mais em alguns materiais. Erroneamente, estes materiais foram apresentados como os que estão presentes nas lentes de contacto. Assim, surgiu um mito: que as lentes de contacto eram um meio de contágio perigoso. Na realidade, esses estudos não foram realizados com a estirpe do SARS-CoV2, não utilizaram os materiais utilizados no fabrico das LC e não reproduziram condições clínicas realistas. Efetivamente, não há evidência científica que comprove que as lentes de contacto são um meio de transmissão.
Qual a melhor forma de evitar o contágio?
Lavar as mãos da forma correta, antes e depois de colocar e retirar as lentes de contacto. O uso de luvas durante a fase de manuseamento da LC não é recomendado nem justificado, o importante é fazer uma boa higienização das mãos.
Os usuários devem continuar a fazer o uso correto da solução de manutenção, a qual tem como principal objetivo a proteção da superfície ocular de infeções. Estes pacientes já utilizam um tipo de lente de contacto (diário, mensal, quinzenal, entre outras) mais adequado às suas necessidades e devem manter o que foi recomendada pelo profissional da visão. Ter em atenção que qualquer usuário deve deixar de usar as LC se estiver doente ou infetado. Caso contrário, não há motivo relacionado com a COVID-19 para o abandono.
Em caso de dúvida, fale com o seu optometrista.