OPINIÃO

OPINIÃO -
Mindfulness

Share on facebook
Share on twitter

TÓPICOS

Share on facebook
Share on twitter

TÓPICOS

  • Texto de opinião de Hélder Araújo Neto
    Psicólogo Clínico

Mindfulness é o termo em inglês, que popularizou o conceito, palavra que pode ser traduzida como “atenção plena”. Assim, mindfulness, conceito popularizado, é a prática meditativa, com origem na filosofia budista, que consiste na concentração completa no presente, e no agora, através da observação dos pensamentos e emoções, do corpo e, até mesmo, do ambiente externo, que convoca uma predisposição de curiosidade e gentileza, sem julgamentos e sem críticas.

Trago este tema porque é uma das ferramentas mais importantes que uso na minha prática clínica. A prática de mindfulness serve um efeito terapêutico, em variadíssimas patologias físicas e psicológicas, como, por exemplo, em pacientes com cancro, dor crónica, fibromialgia, doenças cardiovasculares, insónia, depressão, ansiedade, stress, entre outros, tendo vindo sido demonstrado de uma forma consistente e significativa ao longo de várias décadas de estudos científicos.

Esta prática introduzida na Psicologia no início dos anos 1980, havendo sido utilizada em programas de redução de stress, e, a partir daí, integrada, de forma consistente, nas terapias cognitivo-comportamentais de 3.ª geração, como no caso da terapia de aceitação e compromisso, que uso, maioritariamente, nas minhas consultas.

Quando recomendo a prática diária de mindfulness, a minha intenção procura aumentar a autoconsciência que a pessoa pode ter da sua vivência interior (emoções, pensamentos, sensações), através de observação e aceitação. A aceitação de sentimentos e sensações (que não são sempre o que desejamos) facilita a disposição para agirmos num mundo que não está sob o nosso controlo, mas em que podemos ter efeitos importantes, conquanto com a condição de nos envolvermos ativamente nele, ao invés de vivê-lo no interior da nossa mente.

Desta perspetiva, a pessoa não entra em fusão cognitiva, que é o que vulgarmente se chama estar em fase de “automático”, na qual não questionamos o que pensamos, e seguimos os pensamentos como se fossem ordens, como se fossem a realidade, não os vendo como aquilo que são; só pensamentos, só linguagem.

ara exemplo: uma pessoa que tem um pensamento do tipo «amanhã vou ter uma apresentação importante, mas sei que vou ficar ansioso, não me sentindo preparado para algo que irá correr mal, sendo melhor adiar…» Ora, este conjunto de pensamentos, intrusivos, é alimentado por outros pensamentos, originando a referida fusão cognitiva. Assim, com a prática de mindfulness, pode atingir-se a desfusão, alcançando a perceção de que se está no interior daquele pensamento, passando a observá-lo e a deixá-lo ir, sem o seguir, sem o alimentar, sem o julgar. Neste exemplo, a pessoa em fusão seguiu o pensamento como se este fosse uma verdade, adiando a tal apresentação, desconhecendo se a mesma resultaria ou não.

A desfusão cognitiva, que não segue aquele pensamento, é alcançada com a aceitação do pensamento, observando-o, deixando-o ir, partindo a pessoa para o desenvolvimento da apresentação. Assim, a pessoa torna-se capaz de agir de acordo com os seus valores, de acordo com aquilo que é importante para si, e não sob o controlo dos estados emocionais, ou dos pensamentos que os espoletam.

 

Share on facebook
Partilhe este artigo no Facebook
Share on twitter
Twitter
COMENTÁRIOS
OUTRAS NOTÍCIAS