A crise pandémica que o mundo está a viver é um risco real, que põe em causa toda a humanidade, abalando as sociedades tal como as conhecemos. Também é certo e sabido que o coronavírus Covid-19 veio transformar as nossas vidas, em alguns casos de forma definitiva.
Não podemos é transformar esta desgraça na desculpa de todos os males.
É comum ouvirmos muitos políticos justificar a sua escolha de não fazer o que é esperado por efeitos do… Covid.
No entanto, as empresas que lutam todos os dias para manter postos de trabalho não podem pagar as contas com medicamento para o Covid.
As famílias não sustentam as suas bocas com teorias do Covid.
Os jovens que lutam por um primeiro trabalho – coisa rara nos dias que correm – não podem socorrer-se do Covid.
Nem sequer as crianças podem justificar as eventuais más notas na escola com a pandemia do Covid.
Ninguém ficou isento das suas responsabilidades de base, por causa da crise pandémica.
A todos nós portugueses – que demos ao longo da história grandes provas de resiliência e adaptação às adversidades – é pedido que sejamos corajosos e rigorosos no combate a esta crise, mas ao mesmo tempo que sejamos capazes de fazer a nossa parte para manter a sociedade funcional.
Estamos de acordo: Juntos poderemos!
No entanto não admito – chega a ser insuportável – que quem tem responsabilidades políticas, tendo sido legitimado pelo voto do povo, se desculpe com Covid para esconder a sua inércia, incompetência e, principalmente, a defesa do seu próprio “quintal”.
Com a recente aprovação do Orçamento da Câmara já sabemos por onde vai andar o dinheiro público dos Amarenses em 2021. Antes de escrever este artigo tive o cuidado de passar os olhos em alguns resumos do que vai acontecer ao mesmo dinheiro público nos concelhos da região.
Um dado em comum: Quase todos se queixam do Covid!
No caso de Amares, os problemas de sempre vão continuar a existir e não… a culpa não é do Covid!
É ano de eleições autárquicas e então os recursos (poucos, porque a casa está pobre) são canalizados para estratégias e agendas pessoais e não para resolver problemas.
Espanta-me que, e de tanto falarem no Covid, nenhuma das Câmaras da região crie, por exemplo, um Fundo de Reserva para acudir a casos de extrema urgência no inverno que se aproxima, que ameaça ser o pior de sempre na democracia portuguesa.
Na próxima primavera muitas empresas e famílias de Amares podem já não ver o florir da estação, pois é facto que não somos um concelho competitivo.
Por culpa de quem tem gerido os destinos do concelho, temos muitas carências por resolver e… a culpa não será do Covid!
A culpa será daqueles que têm a responsabilidade de gerir dinheiros públicos e não sejam capazes de fazer verdadeiro serviço público com esses recursos.
Escreveu em tempos um escritor francês: “Quem se desculpa, acusa-se!”