Não deixa de ser paradoxal que professores, pais e alunos estejam de acordo, num terceiro período onde as aulas e os estudos são feitos à distância, reconheçam que a sobrecarga de trabalho é muito maior do que se os miúdos estivessem nas escolas.
É a prova de que não é uma tarefa fácil para ninguém. Os docentes têm na mesma de preparar as aulas, com muito mais trabalho mais tempo. Os pais, e bem, estão mais atentos à vida escolar dos seus educandos, esperando que, no futuro, valorizem mais o trabalho feito em contexto escolar. Os alunos, fruto deste novo método de ensino, estão ainda numa fase de adaptação: há tarefas com graus de dificuldades para realizar; há entregas de trabalhos; há dificuldades técnicas.
Outro aspeto que o ensino à distância ‘esquece’, é o apoio diferenciado que muitos alunos necessitam e até nisso este terceiro período é atípico. O apoio de uma psicóloga, as aulas de apoio suplementar, tudo realidades novas que as escolas estão a adaptar-se
O pensamento terá que ser sempre de futuro: o que podem os agentes educativos tirar desta nova realidade quando as coisas estiverem mais estabilizadas? Que papel terá o ensino à distância nesse futuro? Voltaremos ao comodismo da “escola do século XX com professores a falar sem parar, escolas com má internet ou sem ela, ausência de pesquisa e de trabalho de grupo, muitos professores info-excluídos? Onde a indisciplina grassava a boa relação professor-aluno, individualizada era pouco frequente” citando o psicólogo Daniel Sampaio.
Continuando a citar Daniel Sampaio, “é importante que aproveitem esta experiência para promover a autonomia das aprendizagens. Espero que os professores também aproveitem esta situação para alterarem as suas metodologias de ensino, transformando a sala de aula num grupo de trabalho cooperativo. Pôr os alunos activos na sala, evitar longas exposições teóricas, fugir de filmes prolongados em sala obscurecida, saber tirar partido da heterogeneidade da turma”.
No Agrupamento de Escolas de Amares, as psicólogas, em articulação com os intervenientes no processo educativo disponibilizaram os seus contactos para estarem mais perto em caso de dúvida ou para algum apoio específico.
A realidade atual veio exigir de todos os elementos da comunidade educativa um trabalho muito maior, mais articulação e dialogo.
Os computadores e os tabletes tão necessários para uma nova realidade ainda não estão disponível para todos, criando também aí dificuldades. O esforço do Agrupamento de Escolas passa por disponibilizar recursos aos seus alunos, seja cedendo material informático seja reconstruindo computadores através da sua turma de Técnicos de Gestão de Equipamentos Informáticos e respetivos docentes.
As autarquias têm assumido um papel ativo neste processo, nomeadamente, no pagamento de internet às famílias mais carenciadas, o Município de Amares ofereceu esse serviço a todas as famílias que não possuíam o mesmo.
O novo ano letivo está já ali, ao virar do portão. Que realidade iremos ter? É a pergunta que para já não tem resposta.