O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) deu entrada esta quinta-feira de uma iniciativa em que apela à Assembleia da República que se «oponha a uma resolução do Parlamento Europeu (PE), adoptada em Novembro e na qual é defendida a redução do estatuto de conservação do lobo».
Apesar de não ser vinculativa, para o PAN, «a referida resolução representa um retrocesso e uma ameaça séria à conservação desta espécie emblemática e ameaçada, pelo que exortamos que o Parlamento português assuma uma posição de repúdio relativamente à mesma e se posicione a favor da manutenção das medidas de proteção do lobo», afirma a porta-voz e deputada do PAN, Inês de Sousa Real.
Na base da resolução do PE, está o argumento de que «como alguns grandes predadores, nomeadamente lobos e ursos» estarão a conseguir «aumentar a sua distribuição territorial na Europa e a prejudicar os agricultores e criadores de gado», justifica-se uma «redução do estatuto de protecção» do lobo (Canis lupus).
Sucede, porém, que a presença do lobo na Europa e em Portugal – caso do lobo ibérico – continua a estar «sob pressão», nomeadamente por força dos alegados prejuízos causados por ataques destes predadores.
«Os ataques de lobo ao gado são, porém, um sinal de desequilíbrio no seu habitat natural, o que força esta espécie a aproximar-se de território povoado por humanos em busca de alimento, para além de que nem sempre os ataques têm origem no lobo ibérico. Devem ser, por isso, adoptadas medidas para prevenir este tipo de ataques e feitos investimentos na criação de condições para que o lobo possa prosperar no seu território evitando o conflito com a atividade humana», refere na mesma nota Inês Sousa Real.
A existência, por exemplo, de cães pastores, tem-se revelado eficaz em Portugal na prevenção de ataques dos lobos ao gado.
«Esta, sim, deve ser a direcção das políticas públicas, a par da renaturalização do território e maior promoção da conservação da natureza», defende a deputada do PAN.
Nesse sentido, o PAN tem vindo a propor várias iniciativas, nomeadamente em sede do Orçamento do Estado para 2023 e para 2022, tendo a proposta de alteração sido rejeitada em ambos os anos com o voto contra do PS, inviabilizando assim a continuidade da medida que prevê o pagamento de indemnizações em resultado de danos causados pelo lobo ibérico.