A maioria dos partidos políticos da oposição não concordam com a decisão do Governo em cancelar a agenda festiva do 25 de Abril por causa do luto nacional decretado na sequência a morte do Papa e considera, que nem Francisco aprovaria tal medida. O Chega destoa. O partido de André Ventura compreende a “contenção” das celebrações, por que em Portugal há milhões de cristãos.
Recorde-se que o Conselho de Ministros aprovou, esta quarta-feira, o decreto do luto nacional de três dias pela morte de Francisco. Assim, o Executivo Governo cancelou toda a “agenda festiva” e adiou as celebrações relativas ao 25 de Abril para dia 1 de maio, alegando que o luto nacional implica “reserva” nas comemorações.
Em declarações à TSF, a líder parlamentar socialista, Alexandra Leitão, garante que “celebrar a democracia não colide com o respeito”.
“O Papa Francisco dizia que a democracia é resolvermos juntos os problemas de todos, uma excelente definição. Eu até diria, antes de mais, que o próprio Papa Francisco seria o primeiro a dizer que a democracia seja celebrada e festejada”, afirmou a responsável socialista.
Aos microfones da TSF, Alexandra Leitão, lembrou que “este ano, além de mais, celebram-se as eleições para a Assembleia Constituinte e estes festejos são também uma celebração dessa data e não uma coisa festiva por outras razões”.
“25 DE ABRIL NÃO É ADIÁVEL”
Também o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, recordou que o 25 de Abril “não é um feriado qualquer, não é adiável”.
“Foi naquele dia, foi naquela madrugada, que a democracia se começou a construir, que a guerra acabou, que se abriram novos horizontes, novos caminhos, novas possibilidades para o povo português, mas também para os povos com quem a ditadura estava em guerra, nomeadamente em África”, afirmou. “A decisão do Governo é incompreensível.”
O Bloco apela ainda às autarquias e às associações que mantenham as iniciativas programadas para celebrar o 25 de Abril.
O PCP junta-se ao coro de vozes críticas relativamente à decisão do Governo. A líder parlamentar comunista, Paula Santos, acredita que os dois acontecimentos são conciliáveis: “Consideramos que homenagear o Papa Francisco é também celebrar a vida, os valores da paz, da justiça social, da liberdade e da democracia. Estamos a falar de valores que estão presentes na Revolução de Abril e de tudo aquilo que o 25 de Abril significa.”
Também Inês Sousa Real, líder do PAN, não tem dúvidas de que “nem o próprio Papa” aprovaria a decisão do Executivo. O que o Governo “jamais irá ser capaz de cancelar é a presença do povo nas ruas, como acontece todos os anos”, disse à TSF.
“AGRADAR AO CHEGA”
Pela Iniciativa Liberal, a deputada Joana Cordeiro não entende ao certo o que vai ser cancelado, já que a sessão solene da Assembleia da República e o desfile da Avenida da Liberdade acontecerá. Acusa o Governo de querer “criar ruído” e de “falta de competência em comunicar”.
Já em declarações à Lusa, Rui Tavares assume estar “chocado” pela “ingratidão” do Governo, em declarações à agência Lusa.
Rui Tavares sugeriu que o primeiro-ministro cancelou a agenda para agradar o eleitorado do Chega.
Tendo em conta “a forte tradição cristã” de Portugal, Patrícia de Carvalho, a representar o Chega, assume entender a “contenção” das celebrações do 25 de Abril.
Com TSF