O vereador e candidato do PS à Câmara de Amares, Pedro Costa, disse esta quarta-feira ter recebido “relatos graves” de alegadas pressões exercidas sobre trabalhadores municipais por parte de outros funcionários, seus superiores hierárquicos, pedindo ao presidente da autarquia para estar atento. Manuel Moreira garantiu desconhecer o assunto, mas disse que vai averiguar e “tomar medidas”, se for necessário.
No início da reunião de Câmara desta quarta-feira, falando no período de antes da ordem do dia, Pedro Costa afirmou que “qualquer cidadão, sendo funcionário municipal ou não, é livre de se envolver” nas eleições autárquicas, mas sublinhou que “tem de haver decoro”. “Vou dizer explicitamente: esta casa não se pode transformar numa espécie de sede de campanha do PSD para as próximas autárquicas”, afirmou.
Sem dizer a que casos concretos se referia, Pedro Costa lembrou que “coação e assédio laboral são crimes” e assegurou que, “se conseguir reunir matéria de prova” quanto aos “relatos” que recebeu, avançará com queixa às autoridades. “Há coisas que não são aceitáveis. Se a gestão desta casa me cair nas mãos, em relação a esses esquemas, não fica pedra sobre pedra”, garantiu, sublinhando a ideia de que “é necessário respeitar cada funcionário”.
Na resposta, o presidente da Câmara, Manuel Moreira, eleito por uma coligação PSD/CDS, disse não fazer “ideia nenhuma” das denúncias a que aludiu o vereador do PS, mas vincou que vai reunir com os chefes de divisão e, se necessário, “tomar medidas”, porque a “Câmara tem de ser isenta e fazer o seu trabalho”.
“Estive fora uma semana e não faço ideia nenhuma sobre isso. Nós estamos aqui para servir o povo de Amares. Lá fora, as pessoas podem fazer a campanha que quiserem, pegar nas bandeiras que quiserem, mas aqui dentro não. Não permito que isso possa acontecer”, afirmou o autarca.
A vereadora Cidália Abreu, também eleita pela coligação Juntos por Amares (PSD/CDS), disse igualmente que não se tinha apercebido de nada estranho, nomeadamente na semana passada, em que Manuel Moreira esteve ausente. “Não senti, não notei nada”, afirmou a vereadora.
Cidália Abreu pediu a Pedro Costa para concretizar as afirmações que fizera momentos antes, desde logo por ter dito que a autarquia não pode ser uma sede de campanha do PSD, algo que o vereador do PS recusou fazer.
“No dia em que tiver matéria de prova, vou às autoridades e entrego os dados. O que eu estou a fazer aqui é um alerta. Estes são acontecimentos que têm ocorrido nos últimos tempos, não especificamente na semana passada”, respondeu Pedro Costa.
O tema mereceu ainda um comentário da vereadora do PS, Valéria Silva, que disse que “cada funcionário é livre” e tem “todo o direito” de se envolver nas eleições autárquicas, salvaguardando, contudo, que “este é um local de trabalho e não para campanha política”.