POPULAÇÃO IDOSA

POPULAÇÃO IDOSA -
População portuguesa com 80 anos ou mais duplicou em duas décadas

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A população portuguesa está a envelhecer a um ritmo alarmante, especialmente entre os mais idosos, com 80 anos ou mais. Em apenas duas décadas, o número de pessoas nesta faixa etária quase duplicou, representando 6,9% da população total em 2022. Portugal ocupa o quarto lugar na União Europeia (UE) em termos de proporção de idosos, atrás de Itália, Alemanha e Grécia, segundo dados do Eurostat, o gabinete de estatísticas da UE.

A melhoria das condições de vida e o acesso a cuidados de saúde são fatores que contribuem para a crescente longevidade da população.

Especialistas celebram esta conquista, mas também destacam os desafios que ela traz. A capacidade para realizar atividades diárias tende a diminuir com a idade, e as doenças crónicas aumentam.

“O envelhecimento em Portugal tem sido muito rápido”, afirma Maria João Guardado Moreira, especialista em demografia, ao jornal Público.

A especialista explica que este fenómeno resulta de “taxas de natalidade e fecundidade muito baixas” e do aumento da esperança de vida. Este duplo envelhecimento estreita a base da pirâmide etária e alarga o topo.

Em 2002, viviam em Portugal 377 mil pessoas com 80 ou mais anos.

Duas décadas depois, este número aumentou para mais de 720 mil. Desde o início deste século, quando representava menos de 4% da população, este grupo cresceu quase três pontos percentuais, atingindo quase 7% .

LIMITE ADIADO

Maria João Guardado Moreira refere-se ao conceito de “envelhecimento do envelhecimento”, sublinhando o aumento significativo dos mais velhos dentro da faixa etária dos idosos. Guardado Moreira coordena a Age.Comm, uma unidade de investigação do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Com o envelhecimento, surge a dependência. “Tendencialmente, começa a aparecer algum tipo de dependência a partir dos 80 anos”, nota Moreira. No entanto, este limite parece estar a ser adiado.

Estudos recentes mostram que, comparando dados de 2011 e 2021, as dificuldades nas atividades diárias começam a surgir mais tarde, agora a partir dos 85 anos .

A questão central é se o aumento da longevidade se traduz em mais anos de vida saudável. A resposta é negativa. “Quando olhamos para a esperança de vida com saúde aos 65 anos, estamos abaixo da média europeia, especialmente no caso das mulheres. Vivemos mais tempo, mas com pouca saúde e qualidade de vida”, lamenta Moreira .

Manuel Carrageta, presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, reforça esta preocupação. Ele recorda que, embora a mortalidade por AVC e enfarte tenha diminuído devido ao controlo de doenças infeciosas e fatores de risco cardiovascular, os cancros e as doenças neurodegenerativas, como as demências, estão a aumentar.

“Manter as pessoas vivas até idades mais avançadas sem garantir qualidade de vida não é suficiente”, adverte Carrageta, que aponta a falta de exercício físico como um grande problema, causando atrofia muscular, menos força, e maior risco de quedas e fraturas. A solução passa por promover uma alimentação saudável, exercício físico regular, sono adequado e manutenção das relações sociais .

Carrageta também sublinha a necessidade de adaptar as cidades e os hospitais às necessidades dos idosos. “As cidades não são amigas das pessoas mais idosas” e é crucial avançar com as adaptações necessárias, bem como criar unidades hospitalares especializadas para doentes muito idosos e complexos, segundo defende.

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