Recentemente, o Presidente da Câmara de Amares anunciou na comunicação social que ia comprar o património imobiliário das Termas de Caldelas, por 1,1 milhões de euros. Na verdade, este é mais um exemplo em que se comprova que o carro anda à frente dos bois, no que toca à gestão municipal dos últimos 8 anos.
Se bem se recorda, tomei sempre posições públicas – tal como o PS Amares – para que se salvasse as nossas Termas do estado agonizante em que se encontravam há muitos anos. E entretanto, por iniciativa dos legítimos proprietários, chegou à Câmara uma proposta no sentido desta adquirir o património e salvar a nossa estância termal e a atenção despertou nos responsáveis municipais.
Diga-se em abono da verdade que inicialmente, numa atitude de sã convivência, o Presidente em privado perguntou à oposição – a mim inclusive – o que achávamos deste caminho. Desde o primeiro minuto estivemos de acordo nas preocupações que tal processo acarretaria, pois é uma decisão histórica e estruturante, com enormes responsabilidades que daí advém. O que eu estranho é que desde aí, nunca mais nos tenha sido informado do decorrer do processo, bem como os contornos com que o “negócio” iria ser realizado. Zero, até à famosa entrevista nos jornais!
Agora… lembro que o Presidente anunciou na imprensa uma aquisição que nem a Assembleia Municipal tinha discutido e aprovado, numa atitude presunçosa de quem se sente o “Dono Disto Tudo”!
Ninguém tem dúvidas que é urgente salvar as Termas de Caldelas e salvar aquela comunidade, que desde sempre viveu ancorada na atividade termal. Ninguém duvida da importância estratégica que a estância termal assume para o nosso concelho.
No entanto, não podemos pura e simplesmente avançar de cabeça numa decisão como esta, sem que o executivo explique convenientemente as condições desta aposta, que jamais poderá ser usada como trunfo eleitoral.
É deveras muito estranho todo o secretismo que de repente rodeou todo o processo, que acabou por ser aprovado recentemente na Assembleia Municipal. A não ser que esconda mais uma decisão errática, sem trabalho detalhado, baseada na intuição política, como tantas vezes tem acontecido neste mandato. O problema é que nesta decisão, dificilmente se pode voltar atrás, como noutros tropeções que este executivo PSD/CDS já protagonizou.
O que o Presidente da Câmara pediu na Assembleia Municipal foi um “cheque em branco”, que nem todos aceitaram passar, pois há ainda muita informação que não é dada a conhecer, por exemplo:
- Que intervenções e qual o valor necessário para recuperar todo aquele património, que todos sabemos está em adiantado estado de degradação?
- Quanto custará anualmente ter as termas a cargo do Município? Há algum número apurado deste encargo?
- Terá sido realizado algum plano de viabilidade económica? Se sim, quando prevê esse plano, por exemplo, reabrir as termas?
- Que modelo de negócio vai ser implementado?
- A Câmara vai explorar diretamente as termas, ou já há algum “interessado” em usar a barriga de aluguer?
- E a fisioterapia, que não pode ser explorada pelo Município, como vai ser reativada?
- Que vai acontecer aos atuais 26 trabalhadores da empresa das termas?
- Irá o Tribunal de Contas aprovar um negócio desta envergadura sem mais explicações? Porque se anuncia precipitadamente esta compra e assina um contrato, se nem sabemos se esta entidade o vai aprovar?
São muitos enigmas e tanta sede de ir ao pote!
Para salvar as Termas de Caldelas não basta anunciar a compra dos edifícios, pois é necessário saber como recuperar o património e reabilitar todo conceito e atividade termal.
Duvido, por isso, que assinar já este contrato de aquisição seja um passo seguro.
Esta operação deve estar no plano de investimentos do Município, por tudo o que referi, mas merecia outro respeito e não servir de mero panfleto eleitoral.