Um dos restaurantes favoritos e mais frequentado pelo Papa Francisco é de portugueses naturais do Gerês. O Tre Pupazzi, perto Praça de S. Pedro, no Vaticano, serviu vezes sem conta o cardeal Jorge Bergoglio com uma garrafa de água e uma carbonara.
Fátima Afonso, minhota natural do Gerês, é a proprietária do negócio que junta a cozinha italiana e a portuguesa. O Papa também pedia uma massa “all’matriciana”.
«Desde que se tornou papa nunca mais cá voltou, mas sabemos que vontade não lhe faltava. Há uns meses passou cá um padre e ficou especado na porta. Perguntei-lhe se precisava de ajuda e se queria almoçar e ele apenas me disse que tinha tido uma reunião com o santo padre e que ele lhe confidenciou que tinha muitas saudades de vir cá comer uma carbonara», diz a cozinheira e proprietária, de 51 anos, em entrevista à NiT.
O restaurante começou por ser uma tasca de vinho. Em 2002, Fátima e o marido tornaram-se gerentes, depois de lá terem trabalhado desde sempre. Em 2010 alteraram o conceito e servem cozinha italiana e portuguesa.
«Sempre que há reuniões em Roma com cardeais de outros países é que aqui se juntam. Já tive até um cardeal que me nomeou como a chef da Cúria», diz a portuguesa, apontando que é um lugar favorito de cardeais pela proximidade ao Vaticano.
«Antes de Francisco, já servimos outros papas. Era o caso do cardeal Ratzinger, que depois se tornou Papa Bento XVI e que gostava de cá vir beber uma Fanta e comer uma all’amatriciana», recorda, à NiT. «Outro cliente habitual é o D. Tolentino de Mendonça que quando não vem cá comer bacalhau com natas ou pastéis de bacalhau, pede para lhe levarmos caldo verde e outros pratos ao domicílio», refere.
Fátima Afonso é a cozinheira responsável, aprendendo os pratos de Itália quando se mudou para a cidade. «Tinha apenas 17 anos quando vim visitar a minha irmã que trabalhava como representante da Mercedes em Roma. Na altura tinha começado a estudar Medicina, em Lisboa e vim apenas para conhecer», refere. No entanto, acabou por se apaixonar pelo filhos dos donos do Tre Pupazzi.
«Em 2010 senti que a nossa cozinha era pouco valorizada e eu tinha saudades de poder jantar fora e comer um Bacalhau à Braga ou uma cabidela. Em Roma não havia nada português. Então, em conjunto com o meu marido, decidimos que iríamos transformar o conceito do Tre Pupazzi e trazer os clássicos do meu País», afirma.
«Foi logo um sucesso», sublinha à NiT. «A cúria começou logo a visitar-nos, assim como os embaixadores e funcionários das Embaixadas do Brasil, Angola e Cabo-Verde», assegura.
No menu há 14 pratos de bacalhau, arroz de marisco a 22 euros, bitoque 24 euros ou polvo à Lagareiro a 23 euros.
Para sobremesas há o clássico pastel de nata, a quatro euros. «Não tenho medo de falar com os profissionais e pedir ajuda. Para os pastéis fui a Portugal ter formação e garantir que estava a servir em Roma os melhores», diz a cozinheira.
O menu inclui vinhos de todas as regiões portuguesas, bem como imperiais e licores.
O restaurante já recebeu a jornalista Fátima Campos Ferreira, José Mourinho, Paulo Fonseca, Cláudia Vieira e Toy. «Os jogadores portugueses, quando estão ao serviço do Roma também gostam de cá vir para matar saudades de casa», finaliza, à NiT.