O conhecido jornal iatliano L’Osservatore Romano distinguiu, no passado domingo, a canonização de Frei Bartolomeu dos Mártires, apresentando-o como modelo de bispo, apóstolo e pastor.
De acordo com o diário, terá sido Hubert Jedin, historiador do Concílio de Trento, a apontar Bartolomeu como o modelo de novo bispo originado a partir da reforma católica.
“Uma santidade, a sua, actualíssima e exemplar, ainda hoje, para todos aqueles pastores que desejam aproximar-se mais e mais de Jesus Cristo e seguir o seu exemplo de pastor bónus”, explica o L’Osservatore.
O perfil exemplar de santidade episcopal foi o que Bartolomeu terá descrito no documento ‘Stimulus Pastorum’ (SP) e que, segundo Jedin, terá sido o mais vivo e eficaz discurso do bispo aquando a reforma católica. “É precisamente no SP que encontramos fundidos numa nova unidade a figura evangélica do Bom Pastor, o ideal da antiguidade cristã e o imperativo de agora”.
“A santidade de Bartolomeu dos Mártires, hoje universalmente reconhecido, não pode ser circunscrita somente na área de ministério pastoral realizado por anos na Igreja local de Braga em Portugal e vigorosamente defendido na sua integridade no Concílio de Trento, mas deve ser lido e também destacado em outras áreas da sua vida terrena: humilde e pobre filho de São Domingos, assíduo leitor das Sagradas Escrituras e profunda conhecedor de teologia e de espiritualidade, professor claro e actualizado, pronto para dispensar em eloquência de palavras e doutrina o que aprendeu nos seus estudos e em oração, religioso ao mesmo tempo contemplativo e apostólico, testemunho perfeito do tradicional e definição conhecida do frade pregador que remonta a S. Tomás de Aquino”, continua o jornal.
O artigo realça ainda que, desde as primeiras declarações e discursos, Bartolomeu foi capaz de permanecer com um estilo pastoral original e inovador, para quem as palavras devem ser sempre modeladas na imagem do pastor que está sempre em defesa e orientação das ovelhas a ele confiadas, pelas quais vive e dá a vida.
Jedin, que o descreveu como “o novo tipo ideal de bispo, apóstolo e pastor, um elemento essencial da reforma tridentina”, não consegue esconder a sua admiração por esta figura que, com humildade e simplicidade, conseguiu desencadear uma verdadeira reforma.
“Aqui está finalmente um bispo que leva a palavra até aos mais importantes problemas internos da Igreja da época. E que bispo! Vindo da ordem dominicana, ele goza, tanto pelo zelo apostólica, tanto pela sua personalidade inatacável, da maior consideração, tanto em casa como no Concílio de Trento. Atingindo uma ampla experiência, ele não descreveu um ideal feito de doutrina ou ascético, mas tentou dar sugestões e directrizes de forma simples aos seus colegas e indirectamente a todos aqueles que fazem trabalho dedicado ao cuidado das almas para a sua actividade pastoral”, conclui o historiador.
A leitura do decreto de canonização vai ser feita, esta tarde, pelo cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, durante a Missa de Acção de Graças que se celebra na Catedral de Braga.
O portal Vatican News evoca o percurso de vida do religioso dominicano, que concluiu os estudos teológicos e começou a leccionar em vários conventos de Lisboa e Évora, antes de ser prior no convento do Benfica.
Bartolomeu Fernandes nasceu a 3 de Maio de 1514 em Verdelha, Mártires, na região de Lisboa, no seio de uma família humilde; em 1551 recebeu em Salamanca o grau de Mestre em Teologia. Em 1559, aceita a nomeação como arcebispo de Braga, sucedendo a D. Frei Baltasar Limpo, na qual “tratará, em particular, da santificação do clero através do estabelecimento de diferentes escolas de teologia moral e da evangelização do povo”.
A leitura do decreto de canonização foi feita no domingo passado, pelo cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, durante a Missa de Acção de Graças celebrada na Catedral de Braga