Opinião de Gonçalo Alves
O interesse pelo tema saúde e o conceito de autorresponsabilização das pessoas pelo seu bem-estar remonta às mais antigas civilizações.
A Grécia Antiga ostentava uma visão holística sobre a saúde, defendendo que o bem-estar humano dependia da totalidade das forças ambientais, incluindo hábitos de vida, clima, qualidade do ar, da água e dos alimentos. Na literatura clássica existem referências ao autocuidado como ferramenta para a saúde e na mitologia grega, a deusa Hygeia – deusa da saúde – representava a crença de que os humanos poderiam permanecer saudáveis se vivessem racionalmente. Certas atividades quotidianas, como o exercício, eram consideradas essenciais à manutenção da saúde. De modo idêntico, nos tempos bíblicos, várias leis alimentares instituídas promoviam a saúde.
Estas perspetivas históricas continuam a inspirar a atualidade, nomeadamente no que toca a olhar para a saúde como algo que é determinado por múltiplos fatores, cujas interligações são cada vez mais complexas. A Declaração de Alma-Ata, a Estratégia Regional Europeia e a Carta de Ottawa, são importantes marcos de referência ao nível da promoção da saúde, refletindo a visão da Organização Mundial de Saúde (OMS), para quem a saúde é hoje mais do que a ausência de doença, é um recurso para a vivência diária.
Para a OMS, para que os indivíduos consigam o bem-estar físico, mental, social e espiritual, devem aprender a usar os recursos pessoais e sociais disponíveis dentro do seu meio ambiente. A estabilidade física tem uma dimensão tão importante quanto a psicológica e a social e a saúde resulta da interação harmoniosa entre todos estes estados.
A perceção da pessoa acerca do que é a saúde e da sua responsabilidade em promovê-la é um aspeto fulcral para a sua preservação. A biosfera e o ambiente psicossocial que nos rodeia, influenciado pela nossa forma de viver (e a cujas modificações temos que nos adaptar) são, por vezes, menosprezados na sua importância.
A saúde é um bem a preservar e implica o contributo pessoal e coletivo. A família, enquanto sistema social primário dentro do qual o indivíduo se desenvolve, contribui para a saúde dos seus membros através do apoio ao seu desenvolvimento integral. É dentro da família que os indivíduos desenvolvem o seu conceito de saúde e adquirem hábitos compatíveis com o mesmo.
Dos vários aspetos promotores de saúde, a alimentação equilibrada tem merecido especial atenção, sendo unanimemente reconhecido o seu papel nos estados de saúde/doença. A alimentação assume particular importância na infância e na adolescência, já que é durante estas fases que se criam e consolidam hábitos alimentares que permanecerão ao longo de toda a vida. Dada a sua relevância, voltaremos, em breve, a falar sobre alimentação, neste espaço que se pretende, também ele, como um espaço para a promoção da saúde!
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