Opinião de Marco Alves
A progressão dos seres vivos sempre foi vinculada à água. Existe uma equívoca ideia de que os recursos hídricos são ilimitados. Efetivamente há muita água no planeta, mas menos de 3% da água existente no mundo é doce, na qual mais de 99% apresenta-se congelada nas regiões polares ou em rios e lagos subterrâneos, o que dificulta sua utilização pelo homem. A água é vital e determinante para a vida humana.
Fala-se imenso na preservação do meio ambiente, no entanto são poucos os que têm conhecimento e sensibilização da correta importância.
O uso insustentável da água é um problema crescente no mundo, sendo o declínio dos ecossistemas hídricos é mais acentuado que o declínio da biodiversidade marítima e terrestre. Na base deste declínio estão o aumento das captações de água para a agricultura e abastecimento urbano, as más políticas e práticas de gestão e a perda de habitats devido à urbanização e construção de infraestruturas. As principais consequências a nível ambiental do uso indevido da água são a poluição e degradação dos ecossistemas associados, a sobre-exploração e escassez de recursos.
Portugal tem recursos hídricos relativamente abundantes face ao contexto da região mediterrânica, ficando somente atrás da Grécia a este nível e apresentando uma taxa de escassez de água de 33%. Todavia, o problema da falta de água em Portugal deve ser refletido tendo em conta três fatores estruturais:
- A dependência externa do país face a Espanha, de onde tem origem mais de 67% os recursos hídricos do país;
- O elevado peso do setor agrícola – Portugal é o país da Europa do Sul com uma taxa mais elevada de consumo de água na atividade agrícola por habitante.
- As desigualdades geográficas que apontam para uma clara divisão entre Norte e Sul, sendo a região Sul do país afetada por graves problemas de escassez.
A perda de água nas redes de abastecimento públicas atinge cerca de 188.000 milhões de litros por ano, o suficiente para regar entre 400 e 500 campos de golfe.
Um campo de golfe com um percurso de 18 buracos apresenta, em média, uma área total regada de 29ha. Os campos de golfe da região Norte são regados, maioritariamente, com água proveniente de captações subterrâneas. É importante salientar que no Algarve os campos de golfe consomem apenas 6,4% do total de água consumida na região. O setor que mais água consome é o agrícola, com 56,7%, seguindo-se o consumo urbano com 28,6%.
Devemos pensar em usar soluções sustentáveis como as águas residuais tratadas provenientes das ETAR e a produção de água potável por dessalinização.
A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, liberdade do ser humano.