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Sobreviventes com sequelas de imobilidade da covid recuperam “bastante bem” e retomam vida normal

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Os sobreviventes da forma grave da covid-19 que ficam com sequelas de imobilidade resultantes de internamentos longos em cuidados intensivos recuperam na generalidade “bastante bem” e retornam à sua vida normal, denota o fisiatra Jorge Jacinto.

Director do Serviço de Adultos do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, em Cascais, Jorge Jacinto tem acompanhado desde o início da pandemia as vítimas que ficaram com sequelas graves da doença, que já matou mais de 18 mil pessoas em Portugal.

Estes doentes, com idades entre os 40 e os 70 anos, são referenciados para Alcoitão, um equipamento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, pelos cuidados especializados que disponibiliza de Medicina Física e de Reabilitação, em regime de internamento e ambulatório.

Jorge Jacinto conta à Lusa que doentes chegam ali sem andar, com muita fadiga, dificuldades em respirar e alguns apresentam alterações cognitivas por terem estado em “comas prolongados”, que afectaram o sistema nervoso central, que necessitam de intervenção a nível da neuroreabilitação e da neuropsicologia.

São sequelas que existem nos doentes que passam meses ou semanas em unidades de cuidados intensivos imóveis, mas também da própria doença que em algumas situações também afecta a parte muscular de “uma forma importante”, disse o médico, apontando ainda casos de sequelas na fala, na deglutição, na sequência de estarem ligados a ventiladores com tubos endotraqueais, que precisam de um treino específico para recuperar.

Dos casos acompanhados até agora em Alcoitão nenhum necessitou de reinternamento para reabilitação.

“Desde que o doente não tenha tido uma sequela do sistema nervoso central para lá das sequelas da imobilidade normalmente é um doente que recupera muito bem e que fica autónomo e retorna à sua vida”, explicou à Lusa.

Às vezes, a recuperação não é tão rápida como seria de esperar, mas é por causa da tolerância ao esforço que é uma das condições que fica afectada de forma mais prolongada.

Para estes doentes, o centro desenvolveu um projecto de intervenção em grupo para reeducação ao esforço que assenta em duas grandes áreas: a força muscular e a tolerância ao esforço.

“É um trabalho aeróbio para melhorar a capacidade dos doentes de tolerar as tarefas do dia a dia”, a nível cardiovascular e respiratório, explicou.

O tempo médio de internamento em Alcoitão é de cerca de dois meses, mas depende dos casos: “Se o doente evolui muito rapidamente e já tem um grau de autonomia que lhe permite passar ao tratamento ambulatório é o ideal, até porque são doentes que normalmente quando vêm para aqui já estão fora de casa há muitos meses e o factor emocional e psicológico é muito importante nestas situações”.

“Se o doente estiver no seu meio, vai estar claramente mais feliz e mais motivado para continuar o tratamento”, notou.

No regime de ambulatório, o fim do tratamento depende muito da capacidade de cada doente. Idealmente, termina quando o doente diz que já consegue fazer a vida que tinha antes de ter adoecido.

A fisioterapeuta Bárbara Duarte acompanha os doentes em ambulatório, num pequeno ginásio, onde em sessões de 45 minutos, lhes dá um treino de recondicionamento cardiovascular, com recurso a uma passadeira e uma bicicleta, e um treino de fortalecimento muscular.

“Estes exercícios normalmente só envolvem o peso do corpo, que é o suficiente para a pessoa sentir algum estímulo e sentir melhorias”, disse Bárbara Duarte também à Lusa, explicando que “é importantíssimo” os doentes voltarem a recuperar a força muscular e a capacidade de tolerância de esforço que perderam durante a doença.

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