Sou, antes de tudo, um acérrimo crente no método científico que trabalha a estatística e o mundo das sondagens. Estudei o tema na universidade e é indiscutível que, quando respeitam esse mesmo método, as sondagens atingem valores de projeção com reduzidas margens de erro.
Contudo, há uma diferença clara entre aquilo que são as inúmeras sondagens lançadas – com valores dispares – durante as semanas de campanha eleitoral e aquelas que são realizadas à boca das urnas, no dia das eleições e que são divulgadas nas televisões quando as mesas de voto encerram.
Normalmente, as sondagens das televisões no dia das eleições são muito próximas e com uma margem de erro curtíssima. Habitualmente estas sondagens ajudam a apurar o vencedor por antecipação, deixando as dúvidas de pormenor para mais tarde, no escrutínio final.
Contudo, em plena campanha eleitoral – e estamos a viver uma campanha sem precedentes neste particular – multiplicam-se as sondagens diárias que parecem relatar uma corrida de fundo, com diferenças enormes que só descredibilizam o método e a sua valia. Contem-lhe o tempo, para que seja mais uma variante da política em que o povo descrê.
Estão a matar a estatística das sondagens! Como? Porquê?
Em primeiro lugar, porque durante semanas a fio as empresas de sondagem utilizam os mesmos dados estatísticos recolhidos, usando-os da forma que dá mais jeito. Ou seja, há uma curva de tendência, depois acrescentam-se ou tiram-se uns pontos, conforme as vontades de quem compra o estudo. Pelo caminho faz-se mais umas entrevistas para afinar a amostra e cumprir as regras da certificação.
As empresas de sondagem, devidamente certificadas, mercantilizaram o conceito e seguem sem regulação possível no seu modelo de negócio. Aos partidos políticos e candidatos vão vendendo sondagens “a la carte” até que este produto um dia morra por si. Uma pena!
Quando as sondagens são feitas à boca das urnas, aí entra a ciência e a estatística no seu melhor, porque o “cliente” – no caso as televisões e no fim da linha o telespetador – querem exatamente o contrário: a menor margem de erro possível.
O que desejo é que, independentemente da influência que as sondagens têm sobre a decisão de cada um, no domingo, 6 de outubro, os portugueses em geral, e os Amarenses em particular, contribuam o menos possível para a taxa de abstenção (curioso, sobre isto pouco ou nada se “vendeu”, nestas semanas).
Caro leitor.
Avalie o país que hoje temos, compare com as suas memórias recentes e decida por si.
Sem se deixar levar por bailaricos, reflita de forma prática quem governa melhor e… decida.
Ainda vale a pena contribuir para a melhor sondagem de todas. Na mesa de voto!