Em Portugal, tem-se assistido a uma baixa na taxa de mortalidade por cancro de cólon e reto, estômago, próstata e pulmão entre 2018 e 2022. Por sua vez, a taxa do cancro da mama estabilizou. São os dados do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas (PNDO), divulgados hoje.
Segundo o PNDO, da Direção-Geral da Saúde (DGS) verifica-se «uma taxa de mortalidade padronizada com uma tendência decrescente», independente da idade, mas é mais alta nos homens.
O documento refere que, em 2018 e 2019, os dados passaram a ser organizados pelo Registo Oncológico Nacional. Assim, houve uma alteração na metodologia de colheita. Assim, o ano de 2018 marca uma «quebra de série», refere.
Por outro lado, a redução da incidência em 2020 pode estar relacionada com a pandemia de covid-19 no diagnóstico das doenças oncológicas. Entre 2017 a 2019, há um aumento da taxa de incidência.
Portugal tem rastreios de cancro da mama, cancro do colo do útero e cancro do cólon e reto.
No que se refere ao cancro da mama, o documento hoje diz que, em 2023, Portugal superou a meta prevista pelo European Beating Cancer Plan, apontado para 90% da população convidada, com 99%.
A taxa de adesão ao rastreio subiu para 56%, estando em 51% em 2022, com num total de 440.298 mulheres rastreadas. Este valor traduz-se para 413.300 no Continente, 11.927 nos Açores e 15.071 na Madeira.
Ainda assim, Lisboa e Vale do Tejo apresenta a mais baixa taxa de adesão anual com 31,9%. O PNDO justifica que isto se passa por haver mais mulheres com subsistemas de saúde, assim acabam por ser seguidas no privado e, ainda, por ter ainda apenas havido «uma primeira passagem», diz.
No rastreio do colo do útero, a taxa de cobertura populacional em Portugal continental e nos Açores baixou para 59,2%, quando era 64%, e a taxa de adesão ao rastreio rondou os 94%. Este é um total de 310.976 mulheres rastreadas, sendo 301.477 no Continente e 9.499 nos Açores. Do total, 13,5%, sendo o valor 20.206, foram referenciadas para cuidados hospitalares.
O rastreio do cancro do cólon e reto tem cobertura geográfica, por unidade funcional, a 89% no continente e 100% nos Açores. Com uma população média de cerca de 1.5 milhões de utentes por ano, a taxa de cobertura é de 32% e a taxa de adesão aumentou para 53,5% face a 2022, quando era apenas 41%, com um total de 277.540 utentes rastreados. Este valor revela 270.365 no Continente e 7.175 nos Açores.
Dos utentes rastreados, 685 foram referenciados a cuidados hospitalares.
Em 2023, a Madeira começou um programa piloto do rastreio, com uma cobertura geográfica de 8% dos centros de saúde da região, em que foram rastreadas 85 utentes.
O PNDO assume que, nos próximos anos, será essencial melhorar os sistemas de informação das atividades de rastreio.
«A partilha de informação entre os sistemas de monitorização dos rastreios e o Registo Oncológico Nacional (RON) é essencial para uma visão completa de todo o processo», aponta, no documento de dados.
Ainda, em 2022, foram registados 801.867 internamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), dos quais 69.304, traduzindo-se em 8,6%, correspondem a utentes com diagnóstico principal de neoplasia maligna. Esta tendência tem-se mantido ao longo dos últimos cinco anos.
Entre 2019 e 2023 aumentou em 60% o número de doentes tratados com radioterapia, passando de 76.201 para 122.291.
O relatório aponta que o número de doentes tratados com quimioterapia e imunoterapia tem aumentado «gradual e lentamente» nos últimos anos, sendo quase todos executados em regime de ambulatório. Em 2022 foram tratados mais de 350.000 doentes
O cancro é a principal causa de morte na União Europeia com menos de 70 anos e a segunda causa de morte quando considerados todos os cidadãos.