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Tenho o colesterol elevado, e agora?

As doenças cardiovasculares, particularmente a doença coronária e o acidente vascular cerebral, são as principais causas de morbilidade e mortalidade a nível mundial. A incidência destas doenças tem vindo a aumentar, como resultado da modificação dos estilos de vida e do aumento da prevalência de fatores de risco cardiovascular.

A dislipidemia, vulgarmente conhecida por “gordura no sangue” ou “colesterol alto”, é um importante fator de risco no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, por se encontrar diretamente implicada na acumulação anormal, progressiva e excessiva de gordura nas paredes das artérias dando lugar à formação de placas compostas por gordura e tecido fibroso. A formação progressiva destas placas pode obstruir o fluxo sanguíneo, originando um evento cardiovascular agudo (p.ex. acidente vascular cerebral ou enfarte agudo do miocárdio).

A dislipidemia abrange um conjunto de anomalias quantitativas e/ou qualitativas dos lípidos (gorduras) no sangue, podendo ser discriminados vários tipos:

– Hipercolesterolemia: Aumento do colesterol total (CT) (CT >190 mg/dL) e/ou do colesterol LDL (c-LDL) (c-LDL ≥ 115 mg/dL);

– Hipertrigliceridemia: Aumento dos triglicerídeos (TG) (TG ≥ 150 mg/dL);

– Dislipidemia mista: Combinação de dois fatores (CT elevado e/ou c-LDL e TG elevados);

– Hipolipidemia: Diminuição do colesterol HDL (c-HDL) ou “bom colesterol” (homens < 40 mg/dL e mulheres < 45 mg/dL).

Como posso controlar os níveis de colesterol?

Os níveis de colesterol podem subir gradualmente com a idade, dependendo de muitos fatores, uns genéticos (por exemplo hipercolesterolemia familiar), alguns síndromes metabólicos, outros derivados do nosso estilo de vida: erros alimentares e falta de atividade física. É sobre estes últimos que podemos atuar, para que o colesterol suba menos – procurando corrigir a alimentação, o sedentarismo e o excesso de peso.

Do ponto de vista alimentar, deverão ser adotados os princípios da dieta mediterrânica:

– Privilegiar o consumo de fruta e hortícolas frescos;

– Consumir frequentemente cereais integrais e frutos oleaginosos;

– Preferir o azeite para temperar e/ou cozinhar;

– Consumir pescado (peixes gordos como a sardinha e a cavala) no mínimo 2 vezes/semana;

– Consumir lacticínios com baixo teor em gordura;

– Limitar o consumo de produtos de salsicharia, charcutaria e vísceras;

– Preferir o consumo de carnes mais magras (aves e coelho);

– Reduzir a adição de sal para <5g/dia (preferir especiarias e ervas aromáticas);

– Limitar o consumo de açúcares simples e alimentos processados;

– Restringir o consumo de bebidas alcoólicas, preferindo o vinho tinto (1 copo de apróx. 150 mL por dia para as mulheres e dois copos de apróx. 150 mL por dia para os homens).

No caso particular do aumento dos triglicerídeos, para além do descrito, também se aconselha:

– Consumo de fruta moderado;

– Restrição de açúcares simples e alimentos processados com alta densidade energética;

– Excluir bebidas açucaradas como sumos e refrigerantes e ainda as bebidas alcoólicas.

Embora a prática de exercício físico seja uma recomendação transversal aos vários tipos de dislipidemia, esta assume especial relevância nos doentes com valores reduzidos de c-HDL. Recomenda-se a realização de cerca de 30 minutos de exercício físico aeróbio diário (p.ex. natação, caminhada, corrida leve, ciclismo).

Quem consultar?

O seu médico de família é o profissional de saúde mais indicado para lhe detetar um excesso de colesterol, preconizar as medidas dietéticas adequadas e, se necessário, prescrever um ou mesmo mais do que um medicamento.

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