Em declarações à Rádio Renascença, a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) mostra-se preocupada com o aumento do salário mínimo, por dizer não ter meios para acompanhar a subida. O valor vai aumentar 50 euros em 2025, passando para 870 euros.
«Estes aumentos têm um impacto brutal na tesouraria das instituições» apontou à Renascença o presidente da União Manuel Lemos. Segundo o mesmo, estes podem «provocar o encerramento de respostas sociais», acrescenta.
«Não queremos isso, mas, de facto, aquilo a que estamos a assistir é uma coisa mais moderada, mas que leva a isso porque, quando uma instituição encerra uma unidade de cuidados continuados, quando uma instituição encerra uma unidade de prestação de cuidados a crianças em perigo, estamos de alguma maneira a desproteger o Estado Social que todos queremos», continua.
É o Estado que tem de resolver o problema, defende. «No quadro da cooperação, o Estado pede às instituições que desempenhem funções que não consegue executar e, por isso, cabe ao Estado suportar esse aumento de encargo que o próprio Estado gera quando aumenta os salários mínimos», explica.
«Todos nós temos a consciência de que o sector não paga bem. E que para cumprirmos bem a nossa missão temos de ter trabalhadores bem pagos porque as funções que eles desempenham exigem isso mesmo: cuidar de crianças, cuidar de idosos, cuidar de deficientes exige competências e salários aceitáveis» reconhece, ainda, à Renascença.
«Embora tenhamos ao longo dos anos melhorado a situação das pessoas, temos a consciência de que estamos ainda muito longe do desejável», comenta.
«Nas estruturas residenciais para idosos, as ERPI, o Estado paga apenas 39 por cento. Se pagasse 50 por cento, perceberíamos que estávamos em condições de pagar mais e melhor e que o salário mínimo não era como cada vez tende a ser o salário médio das instituições», defende à Renascença, Manuel Lemos.
«Hoje, somos capazes de dizer com segurança quanto é que custava, no final de 2023, cada uma das respostas sociais. O governo tem manifestado disponibilidade de ajudar neste trabalho. O que agora temos de fazer é de proceder às atualizações justas porque no dia 31 de Janeiro vamos ter de pagar aqueles salários mínimos que, repito são justos, mas é preciso termos dinheiro para eles», finaliza.