Por João Ferreira
A vespa velutina nigrithorax é originária do Sudoeste Asiático, chegou à Europa pela França num contentor entre 2003 e 2004. É considerada uma espécie invasora em quase todos os países da Europa e em Portugal, desde julho de 2016, devido à sua origem, passou a ser designada por Vespa Asiática. Confirmada em Portugal pela primeira vez em Viana do Castelo em 2011, nos dias de hoje já proliferaram ao vale do Tejo através do litoral, para o interior do país dá-se de forma mais lenta e através das linhas de água e suas bacias hidrográficas.
Como identificar? Com excepção da Vespa crabro, a Vespa velutina é facilmente diferenciada das demais vespas autóctones na Europa, as quais são mais pequenas.
A Vespa velutina, um pouco mais pequena que a Vespa crabro, pode atingir ainda assim os 3,5 cm (fecundadoras), possui o tórax preto, face da cabeça alaranjada, abdómen preto com 4º segmento alaranjado, listas finas alaranjadas nos restantes segmentos e patas amarelas. Os ninhos primários têm o tamanho de uma bola de golfe e são construídos pela vespa fecundadora e tem entrada pelo fundo. Já quando os ninhos são definitivos (grandes dimensões) estes diferenciam-se pela sua entrada ser na lateral enquanto o da Vespa cabro ser pelo fundo.
Têm um sério impacto negativo na biodiversidade pela forte predação a espécies polinizadoras. “Menos polinizadores é sinónimo de um declínio de várias espécies de plantas, que podem até desaparecer, por dependerem destes animais, directa ou indirectamente. Para além disto, a diminuição do número ou da diversidade das populações de polinizadores tem um impacto na segurança alimentar, com a quebra de rendimento de muitas culturas agrícolas” (Parlamento Europeu, 2019).
Para a população e saúde publica pode haver perigo pela sua agressividade. Embora longe do ninho as vespas não pareçam agressivas para os humanos, as obreiras defendem o ninho quando as pessoas se aproximam a menos de 5 m (Perrard et al.,2009; de Haro et al.,2010). Atendendo à sua adaptação e aproximação ao espaço urbano o contacto com humanos tem vindo a aumentar.
Como e quando combater esta invasora? Existem dois períodos estratégicos directamente relacionados com o ciclo de vida desta vespa, embora testemunhos e estudos refiram que devido às condições climáticas, sobretudo neste inverno, o ciclo possa ter sido “alterado”. Geralmente entre Fevereiro e Abril, as vespas fecundadoras saem da hibernação e procuram alimentação rica em açúcar. Nesta fase a melhor estratégia será criar uma “rede” de armadilhas artesanais ou comerciais ricas em açúcar com uma componente alcoólica (sangria é uma boa opção). Os ninhos desenvolvem-se mais no período de julho a outubro, período que vai coincidir com o maior impacto de predação de insectos, em particular das abelhas nos apiários, sendo utilizados para alimentar as larvas em desenvolvimento nos vespeiros. Neste período a colocação de armadilhas deverá ser mais perto dos apiários e para além de uma fonte adocicada e alcoólica deverá possuir também uma fonte de proteína como atractivo.
A destruição dos ninhos é da responsabilidade da câmara municipal da área onde se registe a sua ocorrência ou de outra entidade que seja por si autorizada.
O que fazer se avistar um ninho suspeito de Vespa velutina? Deve participar ao seu município ou da sua Junta de Freguesia ou ainda o pode fazer através do www.sosvespa.pt ou da linha SOS Ambiente 808 200 520.
Pode informar-se melhor sobre esta invasora consultando o “Guia de Boas Práticas na destruição de ninhos Vespa velutina” do projeto GESVESPA, o “Plano de Ação para a vigilância e Controlo da Vespa velutina” elaborado pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e páginas web como do ICNF, SPECO-invECO, GO-VESPA.