A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) aprovou a candidatura submetida pela Câmara de Terras de Bouro para a inscrição da Vezeira de Vilar da Veiga no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
A candidatura explica que a Vezeira das Vacas de Vilar da Veiga é um regime de pastoreio em comunidade, sendo “um bem cultural basilar” desta comunidade, “com raízes profundas na sua história, no seu desenvolvimento social e na sua identidade”.
“Este património cultural imaterial assenta numa prática comunitária que promove não apenas um ‘modus vivendi’ solidário entre criadores de gado bovino – reforçando laços de parentesco, de vizinhança e de pertença a um lugar –, mas que promove também um relacionamento intergeracional, antes de tudo nas estratégias de transmissão da prática de pais/avós para filhos/netos”, frisa o município.
A Vezeira, acrescenta a autarquia, “desperta o interesse em visitantes de todas as idades, que não raras vezes em caminhadas pela serra [do Gerês] encontram os vezeiros da Vezeira e com eles conversam”, promovendo também “um relacionamento e um respeito profundos com o património natural que é a Serra do Gerês”.
“Onde a Vezeira tem – como sempre teve – lugar, e de cuja preservação está absolutamente dependente. Este respeito não se limita à utilização dos recursos naturais da serra para a alimentação do gado, manifestando-se também no respeito e cuidado que os vezeiros dedicam a outras espécies animais que com o seu gado partilhem os lugares”, refere a candidatura, a que a agência Lusa teve acesso.
A Vezeira das Vacas de Vilar da Veiga é uma prática e tradição que ocupa um território humanizado, inserido na área protegida do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
“Os currais e abrigos utilizados nos meses da Vezeira, de maio a setembro, são propriedade da Sociedade do Socorro Pecuário da Freguesia de Vezeira de Vilar da Veiga (a associação que promove e gere a prática da Vezeira), para levar a cabo uma apascentação de gado bovino nos pastos altos de montanha nos meses quentes, de um modo comunitário e num regime de rotatividade – à vez – entre os proprietários de vacas associados à Vezeira”, explica a autarquia.
A Câmara de Terras de Bouro acrescenta que os proprietários de gado que se associam à Vezeira têm, entre outras vantagens, a de ser este sistema uma estratégia solidária de apascentação/vigilância do gado, maximizando assim os recursos dos associados e minimizando o tempo em que cada um por si só teria de despender com a vigilância do próprio gado, libertando assim tempo a cada associado para outras tarefas.
O município lembra que na última década tem-se realizado o dia da “Subida da Vezeira”.
“Nos últimos anos, este dia acontece sempre no domingo mais próximo do dia 15 de maio. O evento tem atraído centenas de pessoas à vila do Gerês, onde durante o dia há uma mostra gastronómica, atuações de grupos etnográficos, cantares ao desafio, uma chega de bois, e o grande cortejo etnográfico que atravessa a vila e por onde passa o gado que sobe à Serra do Gerês”, lê-se ainda na candidatura.