OPINIÃO

OPINIÃO -
Violência Doméstica

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Por Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

A violência doméstica é uma triste realidade que assola muitas famílias em todo o mundo, transcendendo fronteiras sociais, económicas e culturais. Este artigo procura chamar a atenção sobre este problema persistente, destacando a necessidade urgente de consciencialização, prevenção e apoio às vítimas.

Nos confins dos lares, onde a segurança deveria ser uma garantia, milhares de indivíduos enfrentam um inimigo silencioso: a violência doméstica. Este fenómeno complexo e multifacetado ultrapassa barreiras geográficas, atingindo pessoas independentemente da sua idade, classe social, raça, ou orientação sexual. Embora isto seja verdade, na sociedade portuguesa, a maior parte das vítimas são as mulheres, vítimas de violência conjugal. Só este ano, de acordo com a União de Mulheres Alternativa e Resposta, já morreram às mãos dos seus companheiros, 24 mulheres. Mas existem milhares de casos de denúncias; no ano de 2022, segundo a GNR, foram 8315, e muitas mais, que não aconteceram, aventemos, devido ao estigma, medo ou falta de recursos para procurar ajuda. As estatísticas revelam que um número significativo de vítimas permanece em silêncio, aprisionadas numa rede de abuso que muitas vezes se perpetua ao longo do tempo.

A violência doméstica não se manifesta apenas fisicamente; pode manifestar-se de diversas formas, tal como através do abuso emocional, psicológico, financeiro e sexual. O ciclo de violência, muitas vezes, é perpetuado numa combinação de controlo, manipulação e ameaças, criando um ambiente tóxico que aprisiona as vítimas num ciclo difícil de ser quebrado, corroborando a crença, retorcida, doentia, do agressor, neste detalhe de acentuação, de que a violência domestica.

A consciencialização desempenha um papel fundamental no rompimento do ciclo de violência. Campanhas educativas são essenciais para informar a sociedade sobre os diferentes tipos de abuso, sinais de alerta e recursos disponíveis para ajudar as vítimas a romperem o ciclo. Além da consciencialização, é imperativo que as leis e políticas se adaptem para oferecer proteção eficaz às vítimas. Isto inclui medidas para acelerar o processo judicial, garantir abrigos seguros, e implementar programas de reabilitação para agressores, visando interromper o ciclo de violência. As leis devem, também, ser alteradas para que não existam casos de denúncias falsas ou, pelo menos, que não tenham sucesso, que acontecem muitas vezes como arma de arremesso, quando as pessoas estão desavindas.

Estender uma mão amiga às vítimas é fundamental. Organizações não-governamentais, grupos comunitários e profissionais de saúde mental desempenham um papel crucial ao oferecer apoio emocional, orientação jurídica e recursos para as vítimas reconstruírem as suas vidas.

A violência doméstica é uma chaga social que tem vindo a aumentar, e que exige atenção urgente. A sociedade, como um todo, deve unir-se para combater este problema, havendo a necessidade de proceder ao empreendimento de esforços coletivos, sendo possível, desta forma, conduzirmos à criação de um ambiente seguro, e livre de violência, nos lares de todo o mundo. Todos nós temos o dever, a responsabilidade, de denunciar situações de violência, que testemunharmos, uma vez que este é um crime público. Devemos combater crenças como, no caso específico da violência conjugal, “entre o marido e a mulher não devemos meter a colher”.

Para terminar, deixo aqui informação de contactos, para quem está a sofrer com o flagelo, ou para quem o presencia, conseguir a ajuda necessária:

  • Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) – 707 200 077;
  • Linha Nacional de Emergência Social – 144;
  • Guarda Nacional Republicana.
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