Durante anos evitamos a sua existência e agora as alterações climáticas são uma inquietação global. Os ativistas ambientais e cidadãos pedem aos seus governos medidas concretas para combater a poluição e aumento da temperatura no planeta. Em 2015, na cidade de Paris, 195 países comprometeram-se com a redução das suas emissões de CO2, no final da conferência COP21 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) foram estabelecidas as iniciativas da transferência para a nova energia – Acordo do Clima de Paris. A era do domínio do petróleo poderá ter chegado ao fim e as energias verdes são agora a revolução tecnológica mais entusiasta e inquieta da história.
“Voltaremos a tornar o nosso planeta grandioso”, referiu Emmanuel Macron.
Grande parte da população está convencida que com os carros elétricos vamos resolver todos os problemas existentes do CO2, quase todos pensam na energia solar e eólica como resolução do problema. Neste momento, não resolve. À medida que a transição energética nos afasta dos combustíveis fosseis, estão já a ser criados novos desastres ambientais. Os carros elétricos são produzidos com metais específicos, e tem de ser extraído algures. Estamos a relocalizar a poluição, a sacrificar o território e a saúde dos habitantes.
As energias limpas não existem. Sempre que produzimos, criamos poluição. A transição ecológica é uma transição económica. Para ficarmos convencidos, basta-nos visitar uma das maiores exposições de automóveis. O elétrico está na moda, os veículos são apresentados como verdes, têm a simbologia ZE (zero emissão) e deu oportunidade aos grandes construtores de se reinventar. Os consumidores tornaram-se mais responsáveis e querem contribuir com a sua parte para um planeta menos poluído. Tal como é moda comprar comida biológica, comprar um carro elétrico também é moda.
Os metais utilizados para os automóveis elétricos, são na sua maioria raros por não se encontrarem com abundância na crosta terrestre. O európio, o samário, o gadolínio, o cério, o germânio, o tungsténio, o magnésio, o ítrio, o neodímio, o lantânio, são alguns dos metais raros. A indústria automóvel e as produtoras de energias renováveis, tornam-se completamente pendente destas matérias primas desconhecidas. Neste momento as energias renováveis produzem cerca de 7% da energia mundial, com a transição energética em 2050, as energias eólicas e solar representarão quase 50% da energia produzida no planeta.
Os metais raros fundamentais para a tecnologia verde são extraídos fora dos grandes centros urbanos e longe da vista. O cobalto vem das minas da República Democrática do Congo, na Austrália, Bolívia e Chile estão os maiores depósitos de lítio, na China concentram-se os maiores depósitos de grafite, com milhares de quilómetros de paisagens ambientais destruídas. Muitas das nações das estão a extrair milhares de toneladas destes recursos e Portugal não é exceção. Mão de obra barata, deficiente tratamento das águas, dos gases e outros resíduos, pouca fiscalização dos governos, são alguns dos métodos que a grande maioria das empresas instaladas nos países mais pobres recorrem para baixar os custos de produção e obter grandes lucros.
A Alemanha, há 20 anos assumiu o desafio de produzir energia através do sol e do vento, e agora por terem chegado a um fim de vida útil, 360 toneladas de pás de aerogeradores estão a ser retiradas e muitas delas depositadas no solo, pois contêm alguns dos metais raros acima referidos. Alguns difíceis de reciclar e atualmente muitos desses metais são impossíveis de reciclar.
O lítio das baterias é um deles. Se vou adquirir um carro…