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OPINIÃO -
A Preocupação

Artigo de Hélder Araújo Neto, Psicólogo

 

Trago mais um tema ligado à saúde mental; a preocupação. Este construto tem má reputação, de certo modo merecida, quando é excessivo, sendo que, mais adiante, versarei sobre o lado mais negativo. Desejo, no entanto, começar pelos aspetos mais positivos. A principal função da preocupação é proteger-nos dos perigos, sendo uma resposta do nosso cérebro a ameaças potenciais. Preocupação é algo que todos temos e que pode ser um hábito protetivo quando, por exemplo, colocamos protetor solar por nos preocuparmos com um eventual cancro de pele ou quando colocamos o cinto de segurança, para nos protegermos em caso de acidente, ou então quando fazemos exames médicos, regularmente, por nos preocuparmos com a nossa saúde. A preocupação pode também ter efeitos motivadores, como no caso de estarmos preocupados com determinado problema. Serve para sugerir que devemos estar atentos e manter a eventual resolução como prioritária. O desconforto causado pela preocupação pode levar-nos à ação para resolvermos efetivamente determinado problema e, assim, sentirmo-nos melhor.

Por outro lado, a preocupação pode ser nefasta, a vários níveis, que é de onde advém a sua má fama. A preocupação excessiva mantém-nos presos num estado de alerta constante, provocando a libertação de adrenalina e cortisol no nosso sistema, vendo o perigo em todo o lado, provocando, isso, com que a nossas respostas sejam, quase, só emocionais, perdendo, assim, a capacidade de raciocinar com lógica, para além de afetar-nos fisiologicamente, elevando a pressão arterial, aumentando a propensão para o aparecimento de arritmias e também piorando a qualidade do sono. Somos afetados também nas nossas relações sociais, e, sobretudo, na nossa relação connosco (para mim, a relação mais importante), com o nosso tempo, sendo que, passando tempo sozinhos, com os nossos pensamentos, pode tornar-se insuportável. Quem se preocupa, em excesso, não aproveita, não vive o presente, estando permanentemente a cogitar situações imaginárias (sem teste de realidade), no futuro ou a pensar que, numa situação transata, deveria ter dito isto – ou feito aquilo –, sofrendo na imaginação (futuro), ou na memória (passado). É este, portanto, um hábito cognitivo tremendamente prejudicial.

Continuando a descrever os aspetos negativos da preocupação excessiva, refiro que este é um componente central em diversas psicopatologias – como nas perturbações de ansiedade (sobretudo na PAG, perturbação de ansiedade generalizada, em que tudo é ameaçador e preocupante) –, mas, também, bastante presente em todas as outras, tal como na perturbação de ansiedade social, quando nos preocupamos com a avaliação negativa que os outros farão do nosso desempenho social, ou, então, na miríade de tantas outras fobias específicas. Este componente encontra-se, ainda, presente, por exemplo, na perturbação de stress pós-traumático, em que o foco da preocupação são as imagens intrusivas e pesadelos intermináveis.

Para terminar, há também o outro lado – que pode ser pernicioso – que é a despreocupação total. Quem não se preocupa, com o que quer que seja, pode, também, ter resultados nocivos dessa sua postura cognitiva e, por consequência, comportamental. A probabilidade de existirem comportamentos arriscados, a todos os níveis, é elevadíssima, e com os resultados que, com alguma imaginação, poderemos prever. Em forma de conclusão, a preocupação quer-se com doses equilibradas.

Com o, sempre pouco, espaço que me resta, quero deixar uma mensagem de esperança, que tento deixar sempre nos meus textos. Existe tratamento para a preocupação excessiva e para todas as psicopatologias a elas associadas. Nós, psicólogos, podemos munir-vos – a vós, que sofreis com o excesso de preocupação – com muitas ferramentas que vos serão úteis para acabar, ou minimizar, o sofrimento causado por este hábito cognitivo.

EDIÇÃO IMPRESSA -
«O trabalho e a seriedade sobrepuseram-se ao sentido político»

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Amares, Álvaro Silva, venceu as eleições internas disputadas com o ex-autarca Isidro Araújo e vai liderar a instituição durante mais um mandato, que se estende até 2026. Em entrevista ao jornal “O Amarense”, o líder da Mesa Administrativa enaltece a participação registada no acto eleitoral e considera que a reeleição valoriza o trabalho desenvolvido desde 2019. «Os irmãos da Santa Casa responderam de uma forma racional e valorizaram o trabalho efectuado por esta Mesa Administrativa ao longo dos últimos quatro anos, votando de forma massiva na lista que liderei», afirma.

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OPINIÃO -
Apoiar a Formação, para quando?

Opinião de Daniel Fernandes

 

É bom ter a oportunidade de aprender e seguir os nossos sonhos, tanto para nós como para o desenvolvimento da nossa terra. Infelizmente não temos aprendido muito com os nossos vizinhos. Neste momento, Vila Verde atribui um avultado valor de cerca de 100 000 euros em bolsas de estudo e Terras de Bouro cerca de 75 000 euros.

Já Amares, mesmo com 7 milhões a mais no orçamento atual do que no anterior, num valor que ultrapassa os 23 milhões de euros, continua a contemplar apenas 20 alunos com este privilégio, um investimento de cerca de 20.000 a 25.000. O executivo decidiu assim que apenas 0,1% do orçamento anual seriam para bolsas de estudo.

Queremos investimento, mas não queremos investir nos alunos de forma a criar investidores mais tarde. Não será este o momento de começarmos a investir na educação de forma séria e mais abrangente? É isso que nos faz falta, investir no conhecimento, apoiando os jovens a estudar e a formarem-se. Fazer da nossa Terra uma de oportunidades que nos ajuda a sonhar.

E para quando a valorização daqueles que não ingressam no Ensino Superior, mas formam-se noutras áreas?

É conhecida a falta de mão de obra para variadas industrias, mas mesmo assim parece que ninguém se importa em impulsionar a formação nestas áreas procuradas. Sabemos que nem toda a gente pretende estudar na Universidade, sendo assim, penso que está na hora de investir em formações certificadas para jovens e adultos terem a oportunidade de evoluírem dentro da sua própria esfera profissional.

Que tal também uma bolsa de estudo de formações certificadas para apoiarmos o crescimento de todos? Uma bolsa que permitirá os jovens e adultos a dirigirem-se a centros de formação e frequentarem gratuitamente uma formação útil e à sua escolha. Dessa forma serão valorizados no mercado de trabalho e terão à sua disposição ferramentas de difícil acesso de uma forma acessível e gratuita.

Vivemos numa sociedade universalizada e cada vez mais o conhecimento de línguas é fulcral para a vida pessoal e profissional, por isso no meu ponto de vista seria também uma mais valia haver no município de Amares uma oferta de cursos de línguas para todos aqueles que as quiserem aprender, de uma forma gratuita e certificada.

Só desta forma, com um constante empenho na formação e qualificação dos nossos habitantes é que podemos assumir que somos um concelho avançado e letrado, até lá almejamos o sonho admirando-o de longe por um canudo.