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OPINIÃO

OPINIÃO -
O suicídio

Por Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

O suicídio é um assunto que muitos evitam discutir. É um tema desconfortável, repleto de estigma e mal-entendidos, mas é uma realidade que não deve ser ignorada. É necessário dialogar, informar e procurar soluções para prevenir esta tragédia que afeta milhões de vidas em todo o mundo.

A Organização Mundial da Saúde estima que, anualmente, cerca de 800.000 pessoas se suicidam. Para cada uma dessas mortes, há muitos outros que tentaram e, tantos outros, incontáveis, que sofrem em silêncio. O suicídio não discrimina, afetando pessoas de todas as idades, géneros, origens étnicas e classes sociais.

A maioria das pessoas que considera cometer suicídio enfrenta, de certeza, uma luta interna dolorosa. Mas não são só os problemas de saúde mental que contribuem para este ato desesperado, devendo reconhecer-se que fatores externos, como, por exemplo, o isolamento social, o “bullying”, a violência, a perda de entes queridos e a falta de apoio, desempenham um papel significativo.

O estigma em torno do suicídio é um obstáculo significativo na prevenção. A vergonha ou o medo, muitas vezes, impedem as pessoas de procurar ajuda. É essencial que a sociedade como um todo entenda que o suicídio não é um ato de fraqueza, mas sim um sinal de sofrimento profundo e de desespero. Começar uma conversa aberta e compreensiva sobre o suicídio é o primeiro passo, crucial, para a prevenção.

Devemos encorajar amigos, familiares e colegas a compartilhar os seus sentimentos e a procurar ajuda quando for necessário. A prevenção começa com a consciência e a compaixão. A prevenção do suicídio não é responsabilidade apenas dos profissionais de saúde mental. Todos nós desempenhamos um papel vital na construção de uma sociedade mais compreensiva e solidária. Criar um ambiente de apoio e compreensão pode fazer uma grande diferença.

A título de curiosidade, deixo aqui duas notas: a primeira refere que os sobreviventes do suicídio, aqueles que tinham a certeza de que o método era infalível, ainda que tenham sobrevivido, relataram que se arrependeram imediatamente ao cometer o ato, como é o caso do norte-americano Kevin Hines, que se atirou da ponte Golden Gate, em São Francisco, tendo sobrevivido.

A segunda nota refere que, por norma, os suicidas atiram-se descalços, sublinhando, por exemplo, o corpo de bombeiros de São Paulo, no Brasil, que quando recebem uma chamada para evitar que alguém se atire de um local elevado, a primeira pergunta que colocam é se a pessoa está descalça. Se estiver, os bombeiros sabem que é quase certo que a pessoa saltará, que não chegarão a tempo de salvá-la.

Para concluir, quero dizer que, felizmente, há recursos disponíveis para ajudar aqueles que estão a lidar com pensamentos suicidas. Linhas de apoio emocional e prevenção do suicídio e organizações de apoio, como as que aqui deixo:

SOS Voz Amiga

(entre as 16 e as 24h00) Tel.: 21 354 45 45 Tel.: 91 280 26 69 Tel.: 96 352 46 60

Conversa Amiga

(das 15h e às 22) Tel.: 808 237 327 Tel.: 210 027 159

SOS Estudante

(das 20h à 01h) Tel.: 239 48 40 20

Linha LUA

(das 21h à 01h) Tel.: 800 208 448

Telefone da Esperança

(das 20h às 23h) Tel.: 22 208 07 07

Telefone da Amizade

(das 20h às 23h) Tel.: 22 208 07 07

Voz de Apoio

(das 21h às 24h) Tel.: 22 550 60 70

SOS Adolescente

Tel.: 800 237 327

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