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OPINIÃO

OPINIÃO -
Aline e Bernard

Por João Ferreira

Podia ser uma dupla de artistas, mas foram as duas tempestades mais recentes que assolaram o norte de Portugal continental. O que nos trouxeram? O expectável: chuva – muita chuva – e vento. O que aprendemos com tempestades anteriores? Pouco, ou muito pouco.

Entre avisos meteorológicos do IPMA e alertas lançados pela ANEPC, sendo que podem ser declaradas pelo presidente de câmara estados de alerta municipal, dependendo do âmbito territorial, as ocorrências significativas ainda ocorrem e em elevado número. Por exemplo, olhamos para um concelho vizinho e vemos o Rio Lima, como é habitual, subir até ao limite das suas margens deixando submersos carros. Quem tem culpa? O município que não interditou o parque? Os proprietários que não deram valor aos avisos? A população que sabe que acontece frequentemente e mesmo assim não se evitou?

Ao seu redor, o que viu, o que fez? Tomou medidas preventivas, avisou as autoridades competentes sobre os riscos existentes, colaborou na resposta?

É esporádico que os SMS com os avisos venham excessivos, ou excecionalmente venham tarde, mas vamos dar-lhes valor e atenção. “Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier” (provérbio).

Em situação de alerta, calamidade ou contingência, todos os cidadãos são também chamados a colaborar. Por isso dizemos que “Todos somos Proteção Civil”. E se todos somos Proteção Civil, vamos todos prevenir, vamos todos mitigar, vamos todos responder. Vamos trabalhar a nossa rua, a nossa urbanização, a nossa freguesia, o nosso concelho. Vamos dar resposta em comunidade, ajudar o vizinho, solucionar problemas simples encontrados na rua. Vamos tornar-nos resilientes.

Como testemunho de António Barreto, “(…) instala-se o caos urbano às primeiras chuvas, espalha-se pelas ruas a areia, pedra e brita, desfazem-se os montinhos de entulho à beira das obras inacabadas (…) desabam as casas velhas, mal conservadas e cedem as modernas construídas à pressa. Os bairros antigos estão podres. Os modernos rodeados de lamaçal (…) Toda a gente pergunta de quem é a culpa? Das bombas atómicas, dos frigoríficos, do buraco do ozono, do efeito de estufa, das construções, das barragens, dos automóveis, da urbanização selvagem, da modernização, da agricultura intensa, dos planos autárquicos ou dos governos? Quem sou eu para responder? Só sei uma coisa: não é sobretudo do clima”.

Já agora, aproveito para deixar mais uma diferença de conceitos. Frequentemente ocorre confusão conceptual entre clima e tempo, duas grandezas que se distinguem, designadamente pelo espaço temporal de referência. Numa simplificação de abordagem poderá dizer-se que o estado de tempo refere-se ao conjunto das condições meteorológicas num dado local, designadamente a temperatura e a humidade do ar, a precipitação, a nebulosidade, o vento e à sua evolução no a dia a dia.

Por seu lado, o clima poderá traduzir-se pelo conjunto de todos os estados que a atmosfera pode ter num determinado local, durante um tempo longo, mas definido. Este intervalo de tempo durante o qual podemos dizer que existe um determinado tipo de clima é escolhido como “suficientemente longo”, em geral 30 anos (IPMA).

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