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OPINIÃO

OPINIÃO -
Perturbação da personalidade “Borderline”

Opinião de Hélder Araújo Neto
Psicólogo Clínico

Este tema surgiu porque tenho tido várias pacientes com esta perturbação, e pareceu-me interessante discorrer sobre este assunto porque sei que existem muitas pessoas a sofrer, e a fazer sofrer, que não estão diagnosticadas, e este texto pode, de alguma forma, ajudar a perceber e identificar alguém que padeça desta perturbação.

A perturbação da personalidade “Borderline”, ou estado limite, pode ser definida como um padrão de comportamento caracterizado por instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e na instabilidade emocional. Na maior parte dos casos, podem ser observados comportamentos impulsivos, de risco, em várias áreas, tais como: abuso de substâncias; perturbações no comportamento alimentar; sexualmente, com sexo desprotegido e com múltiplos parceiros; conduzir de forma imprudente; fazer compras de forma compulsiva. Esta impulsividade também se pode verificar no abandono de empregos ou no abandono escolar.

Esta condição pode gerar episódios intensos de raiva, ansiedade, depressão e dificuldade em criar laços, já que os seus relacionamentos são instáveis. Além dos sintomas mencionados, os indivíduos com PPB experimentam frequentemente um profundo medo de abandono, real ou imaginado, levando a esforços intensos para evitar o afastamento de pessoas significativas. Também se verificam sentimentos crónicos de vazio interior, levando a comportamentos como automutilação, tentativas de suicídio e uso prejudicial de substâncias para aliviar o sofrimento emocional.

Os relacionamentos amorosos com alguém diagnosticado com “Borderline” podem ser intensamente desafiadores e turbulentos. Isto porque, indivíduos com PPB experimentam intensidades emocionais extremas, oscilando entre idealização e desvalorização do parceiro. Esta situação pode causar relacionamentos marcados por impulsividade emocional, mudanças rápidas de humor e comportamentos extremos, tais como ciúme intenso, idealização excessiva – seguida por desilusão repentina e ataques de raiva –, ou tentativas de manipulação emocional para evitar a separação.

As causas desta perturbação ainda são pouco conhecidas. No entanto, sabe-se que existe uma predisposição genética para ela acontecer, tal como fatores ambientais que podem ser causadores da “Borderline”; por exemplo, eventos traumáticos vividos pela pessoa durante a infância ou adolescência, tais como abandono, morte de entes queridos, abuso psicológico e/ou sexual, sendo este último o principal fator ambiental causador da perturbação.

O tratamento desta condição, normalmente, faz-se por duas vias: a psicoterapia – em que a mais utilizada é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a reconhecer e modificar padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos destrutivos. A outra via é a farmacológica, com medicação prescrita para tratar sintomas específicos, como antidepressivos para depressão e sentimentos crónicos de vazio, ansiolíticos para a ansiedade, estabilizadores de humor para impulsividade ou antipsicóticos para sintomas psicóticos transitórios. Estas duas vias devem ser concomitantes.

Para concluir, em jeito de curiosidade, deixo aqui o nome de algumas pessoas famosas que têm, ou tiveram, esta perturbação: Amy Winehouse: cantora britânica (completam-se treze anos desde o seu falecimento, precisamente neste dia em que escrevo o artigo); Britney Spears, cantora americana; Amber Heard, atriz americana; Marilyn Monroe, atriz americana; e, por fim, a princesa Diana.

 

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