O Palácio do Raio, em Braga, tem patente até 02 de Setembro (segunda-feira) a exposição ‘Memoração’, com curadoria da investigadora Tânia Dinis e apoio de Tales Frey.
O projecto da Memoração iniciou em 2021 e partiu de uma proposta de pesquisa, recolha e investigação do Município de Braga e do então Museu da Imagem de Braga.
Da Open Call realizada na altura surgiram dez doadores que legaram várias dezenas de fotografias ao projecto, às quais se juntam, nesta mostra, o espólio do Museu da Imagem. Para o processo, a artista procurou debruçar-se sobre o invisível, aquilo que não se vê na imagem, o que não foi registado, o que foi eliminado e alterado.
Na exposição, a fotografia de família assume um papel bastante significativo porque constrói e reúne as memórias de uma historia familiar. Assim, tanto funciona como documento, representando o real, como o pode ficcionar. Fragmentos de vida registados, traços do dia-a-dia, testemunhos de qualquer coisa que desapareceu e às quais o espectador tem, agora, a ocasião de dar uma segunda oportunidade: a de criar, no seu imaginário e através destas imagens fotográficas, as situações do seu próprio quotidiano.
Esta recolha, com imagens seleccionadas para esse efeito, são de relevante importância, pois passam por várias décadas, por um contexto socioeconómico e cultural, de uma região, e que ao mesmo tempo é transversal a todos, o discurso da imagem vai se direccionando, resultando em ensaios de composição visual que parte da sua apropriação, descontextualização e fragmentação. Reflectindo sobre a noção de arquivo, a sua relação com o objecto fotográfico, no contexto da arte contemporânea e com o álbum de família.
A visita à exposição será de entrada livre e pode ser realizada no horário de funcionamento do Centro Interpretativo das Memórias da Misericórdia de Braga, no Palácio do Raio, de terça a sábado das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 18h30.
TÂNIA DINIS
Tânia Dinis nasceu em 1983. Com Mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas FBAUP, 2015, o trabalho atravessa diversas perspectivas e campos artísticos, tais como a fotografia, performance, cinema e o da estética relacional, partindo de imagens de arquivo de família a outros registos de imagem real.
Desde 2011, que o seu trabalho de pesquisa e criação, explora a intimidade, vida familiar, tempo-imagem-memória, e estes trabalhos em específico, estão inseridos na série “Arquivo de Família”, a qual está em constante desenvolvimento e atravessa diversas perspectivas e campos artísticos, como o da fotografia, o da performance, o do cinema e o da estética relacional.
Esta pesquisa começa por investigar e recolher arquivos públicos ou privados – arquivos esses que contêm filmes e Super 8, fotografias analógicas, cartas, diapositivos, objectos, – para depois serem reunidos em experimentos artísticos reorganizados, revisitados, confrontados e manipulados pela montagem, implementação de colagens e fragmentos sonoros, exploração da ideia de imagem como uma experiência da efemeridade do tempo e da memória, recorrendo também, a outros registos de imagem real, um trabalho de pesquisa em torno do tempo-imagem-memória.
Desde 2019, que tem desenvolvido um trabalho de criação e pesquisa, na cidade de Braga, a partir de arquivos privados e do próprio Museu da Imagem de Braga.
A proposta para a pesquisa, investigação, curadoria e exposição no Museu da Imagem de Braga, pretende prosseguir o trabalho, até aqui desenvolvido pelo Museu, agora procurando, imagens da década 1910, e no período temporal anterior e posteriores aos anos 60, documentando-as e digitalizando-as, permitindo assim, que esta recolha seja um revisitar, deslocando as imagens do seu local original, do intimo ao publico, uma segunda vida, para que possa ficar devidamente arquivada, para que depois se possa fazer uma viagem pelo seu contexto socioeconómico e cultural, de uma região, mas que nos é transversal a todos.