Portugal lidera a lista de países europeus com mais denúncias de assédio sexual nas universidades, segundo um estudo coordenado pela Universidade de Évora. Entre os estudantes portugueses inquiridos, 3,9% afirmaram ter sido vítimas deste crime, um número que coloca o país no topo dos sete que participaram no estudo.
O cenário é ainda mais preocupante quando se trata de assédio moral ou bullying, com 14,3% das queixas, que colocam Portugal em segundo lugar, atrás apenas da Roménia, com 15%.
O estudo envolveu cerca de 5.400 alunos de sete países europeus – Portugal, Espanha, França, Irlanda, Itália, Roménia e Suécia. Em Portugal, participaram mais de mil estudantes de sete universidades. Além das experiências vividas no ambiente universitário, os alunos portugueses também foram os que mais relataram casos de assédio sexual fora do contexto académico.
Lara Pinho, coordenadora do estudo, descreve os números como alarmantes. Apesar de os dados representarem apenas uma amostra de sete universidades portuguesas, a investigadora acredita que um estudo mais abrangente revelaria resultados semelhantes.
Este valor de 3,9% é muito elevado quando comparado aos restantes países europeus, como a Suécia, Espanha e Itália, que não atingem o 1%, ou a Irlanda, Roménia e França, que tocam o 1%. Em Portugal, o assédio é, então, aproximadamente 4 vezes mais sentido do que nos outros países europeus.
Em Portugal, os casos de relatos de assédio moral (14,3%) são o dobro da Itália e Irlanda (7%), e quase o triplo da França e Suécia, com 5% dos alunos a relatarem este tipo de cenário. Já em Espanha, 9% dos alunos foram assediados moralmente, e na Roménia, o país com mais casos, o valor sobre para 15%.
Dos alunos romenos, 13% imputaram assédio moral aos professores, o número mais elevado, seguidos pelos irlandeses (11%) e pelos portugueses (8%). Entre os espanhóis, 7% também o sentiram por parte dos professores, dos italianos 6% e dos franceses 4%.
Só 2% dos suecos apontam os docentes como agressores. Já no caso dos alunos romenos, 4%, a maior percentagem entre todas as universidades, acusam o pessoal não docente de ser agressor.
Mas os universitários também sentiram assédio sexual e bullying fora do recinto da Universidade, e é aí que os números se agravam: em Portugal, 50,4% dos alunos já foram vítimas de situações desse tipo fora do campus.
São os segundos na lista, encabeçada pela França, com 51%, e a par da Irlanda, com a mesma percentagem que os portugueses. A Roménia (48%), a Espanha (44,8%) e a Itália (41,6%) também foram gravemente afetados por esta situação. No caso da Suécia, o número desce para 28,9%.
Este assédio fora da Universidade não é, na maior parte dos casos, levado a cabo por desconhecido: a maior parte dos cenários acontece dentro da própria família ou na relação amorosa.
“Entre os alunos irlandeses, 19% responsabilizam a família por assédio; entre os portugueses e romenos são 16%. Seguem-se os franceses com 14%, italianos e espanhóis com 11% e suecos com 2%. Já no que respeita a companheiros amorosos, são 10% os alunos irlandeses a imputar-lhes assédio, logo seguidos pelos portugueses, com 9%”, conta o DN.
Em Portugal, apenas 6% apontam “outro” e não estes protagonistas do assédio sexual.
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